domingo, 3 agosto, 2025

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Certificação pode mudar o cenário da produção de ostras na Bahia

Documento poderia indicar que ostra vem de um cultivo monitorado

Ostras são moluscos bivalves – ou seja, têm uma concha composta por duas válvulas. Mas um dos pontos que exige maior atenção é o fato de serem filtradores. Isso significa que ela vai filtrar o que quer que esteja naquele ambiente – e pode, por isso, ficar contaminada por bactérias, por exemplo. Daí a importância do processo de depuração.

Não há como garantir 100% de segurança – seja aqui ou em qualquer outro lugar -, mas uma certificação poderia indicar que aquela ostra vem de um cultivo monitorado.

“A gente poderia ter um potencial até maior do que Santa Catarina, mas fica limitado à comercialização. A ostra filtra muita coisa e tem alguns problemas, como questões de coliformes fecais e streptococcus (bactéria). No entanto, tem uma legislação no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) que faz com que os estados tenham um plano de monitoramento de todas as áreas de ostreicultura”, explica o gerente de projetos da Bahia Pesca, Júnior Sanches.

Ele se refere à portaria 884 de 2023 do Mapa, que criou o Programa Nacional de Moluscos Bivalves Seguros (MoluBiS), que dispõe sobre o controle higiênico-sanitário de moluscos destinados ao consumo. De acordo com Sanches, na Bahia, quem deve fazer esse plano é a Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab).

“Não dando coliformes fecais (nos testes) e dentro da legislação, a gente poderia fazer a certificação e ter a venda direta dessas ostras no estado todo. Isso agregaria muito, comercialmente, para todo mundo, principalmente para o pessoal do Iguape”, afirma.

As características da ostra a tornam diferente da lambreta, por exemplo, que é uma iguaria bem mais popular e acessível nos restaurantes baianos. “Os dois são moluscos bivalves, mas são espécies diferentes. A lambreta vive enterrada, se movimenta. A vida da ostra é fixada, filtrando água”, diz Brunno Falcão, coordenador de unidade da Bahia Pesca.

Mas não é consenso de que uma certificação pode destravar a indústria de ostras local. Para o CEO da Aliança Kirimurê, Zeca Bezerra, com um litoral tão grande quanto o da Bahia, seria necessário ter várias certificações de origem. “Além disso, a certificação está só identificando, mas o produto e a qualidade do produto vão ser os mesmos”, opina Bezerra.

Projeto de produção de ostras nativas usa travesseiros Crédito: Divulgação/Bahia Pesca

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