sábado, 11 outubro, 2025

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Miopia e uso de telas aumentam risco de deficiência visual infantil

Miopia (dificuldade de enxergar de longe), astigmatismo (visão distorcida) e hipermetropia (dificuldade para ver de perto) estão entre as principais causas de deficiência visual infantil, capazes de comprometer o desempenho escolar, o desenvolvimento emocional e até as relações sociais, se não diagnosticadas e tratadas a tempo.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 12,8 milhões de crianças entre 5 e 15 anos em todo o mundo vivem com deficiência visual por erros refrativos não corrigidos. No Brasil, estimativas da Agência Internacional de Prevenção à Cegueira e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) apontam que cerca de 26 mil crianças são cegas por doenças oculares que poderiam ter sido evitadas com diagnóstico precoce.

Diagnóstico deve começar cedo

A oftalmologista Carla Cordeiro Vita explica que os cuidados com a saúde ocular precisam começar ainda na gestação, com o controle de infecções como toxoplasmose, rubéola e sífilis, que podem afetar a visão do bebê.

Após o nascimento, mesmo com o Teste do Olhinho realizado na maternidade, a médica recomenda uma avaliação oftalmológica dentro dos primeiros 30 dias de vida.

“Esse momento é importante, pois é possível detectar alterações como catarata e glaucoma congênitos e retinoblastoma — condições que podem levar à cegueira, mas que são tratáveis e controladas quando identificadas precocemente”, detalha médica.

Depois dessa primeira consulta, o acompanhamento anual com um oftalmologista é essencial para manter a saúde dos olhos em dia.

Uso excessivo de telas e miopia precoce

Com o uso crescente de telas digitais por crianças em idade pré-escolar e escolar, oftalmologistas observam um aumento significativo nos casos de miopia. Além dela, astigmatismo  e hipermetropia  também são comuns nessa faixa etária.

Outro problema frequente é o estrabismo (desalinhamento dos olhos), que atinge cerca de 5% da população infantil. “Até os seis meses de idade, pequenos desvios podem ser normais. Mas, se persistirem, é fundamental consultar um oftalmopediatra. O estrabismo pode evoluir para ambliopia (olho preguiçoso) e prejudicar a visão de forma permanente”, explica a especialista.

Sinais de alerta para os pais

A oftalmologista lista ainda alguns comportamentos e sintomas que devem acender o sinal de alerta nos pais:

-Piscar ou coçar os olhos com frequência;

-Inclinar a cabeça ou tampar um olho para enxergar melhor;

-Queda no desempenho escolar ou desatenção nas atividades;

-Olhos desalinhados ou pupilas de tamanho irregular;

-Presença de crostas nas pálpebras ou olhos lacrimejantes;

-Queixas frequentes de dor de cabeça ou sensibilidade à luz;

-Uso excessivo de telas sem intervalos e pouca exposição à luz natural

 

Prevenção é o melhor caminho

A Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica recomenda que o acompanhamento oftalmológico seja feito em três momentos-chave:

-Ao nascer (Teste do Olhinho);

-Entre 6 e 12 meses (primeiro exame completo);

-Anualmente a partir dos 3 anos, principalmente em crianças com histórico familiar ou que fazem uso frequente de telas

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