Especialistas em direitos humanos da Organização da Nações Unidas (ONU) manifestaram na última quarta-feira (28) “grande preocupação com a operação policial mais mortal da história do Brasil”, que resultou em pelo menos 120 mortes, incluindo quatro policiais, nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, em 28 de outubro de 2025.
Os peritos pedem que as autoridades brasileiras garantam uma investigação independente, com o objetivo de identificar os responsáveis, “interromper as violações de direitos humanos e garantir a proteção de testemunhas, familiares e defensores dos direitos humanos”.
Uso de força e tecnologia
A chamada “Operação Contenção” contou com o uso de helicópteros e drones para disparar projéteis, segundo relatos de moradores. Alguns corpos foram encontrados com mãos amarradas ou ferimentos na nuca, enquanto houve relatos de invasões domiciliares sem apresentação de mandados, prisões arbitrárias e ameaças contra familiares e defensores.
Os especialistas afirmam que “esses atos podem constituir homicídios ilegais e devem ser investigados de forma imediata, independente e minuciosa”. Além disso, alertam sobre o risco de criminalização de quem ajudou a recuperar corpos na manhã seguinte à operação.
Assédio e proteção das famílias
Houve relatos de represálias contra familiares e testemunhas. Para os peritos, “as autoridades devem garantir a vida, segurança e integridade pessoal das famílias e impedir qualquer forma de intimidação, assédio ou criminalização”.
Eles solicitaram medidas urgentes, incluindo:
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Suspender operações que usem força excessiva e evitar mortes civis desnecessárias;
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Proteger testemunhas e defensores contra represálias e processos arbitrários;
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Preservar provas e garantir a cadeia de custódia em casos de homicídio;
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Realizar investigações forenses independentes, conforme normas internacionais;
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Cumprir normas internacionais de uso da força e responsabilizar a polícia por irregularidades.
A ONU enviou uma carta ao governo brasileiro pedindo a implementação imediata dessas ações e solicitou informações sobre medidas de responsabilização e reparação às vítimas e suas famílias.
*Agência ONU Notícias
