quarta-feira, 19 novembro, 2025

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Retinopatia diabética pode causar cegueira se não for diagnosticada precocemente

O Novembro Azul não é apenas um mês de prevenção ao câncer de próstata. Também é um momento de reforçar os cuidados com o diabetes – doença que atinge cerca de 17 milhões de brasileiros. Desses, aproximadamente dois milhões convivem com a retinopatia diabética (RD), uma complicação grave que pode levar à cegueira se não for tratada.

“A RD é caracterizada por lesões nos vasos sanguíneos da retina, ocasionando sangramentos, inchaços, quadros de baixa visão e até mesmo cegueira irreversível, se não diagnosticada e tratada precocemente”, explica o oftalmologista Frederico Faiçal, da Clínica Oftalmoclin, em Salvador.

Segundo o especialista, o grande perigo da doença é o seu caráter silencioso. “Nas fases iniciais, não há sintomas perceptíveis. A visão pode parecer normal, mesmo com lesões avançadas. Conforme a doença evolui, o paciente pode ter embaçamento visual, manchas escuras no campo de visão e dificuldade para enxergar de perto ou à noite. Nessa etapa, nem sempre há reversão da doença”, alerta.

Público mais vulnerável

A oftalmologista Juliana Ávila, do hospital especialista em olhos DayHORC, destaca que pessoas com diabetes tipo 1 e tipo 2 estão em risco, especialmente aquelas com mais de dez anos de diagnóstico, glicemia descontrolada, hipertensão, colesterol alto ou obesidade. “A obesidade é um fator de risco importante, porque está diretamente ligada ao desenvolvimento do diabetes tipo 2, principal causa da retinopatia”, reforça.

Ela acrescenta que os homens costumam ser mais afetados por complicações tardias, já que procuram menos os serviços de saúde, o que retarda o diagnóstico e o início do tratamento.

Diagnóstico e tratamento

De acordo com o oftalmologista Ricardo Chagas, do Instituto de Olhos Freitas, o diagnóstico da retinopatia diabética é feito durante avaliação oftalmológica. “Com exames como mapeamento de retina e fundo de olho, é possível visualizar hemorragias, exsudação de lipídios ou neovasos — algumas das alterações retinianas relacionadas ao diabetes”, explica.

O tratamento depende do estágio da doença. “Nos casos moderados a graves, a terapia antiangiogênica, com ou sem laser, é a principal forma de tratar a doença. A fotocoagulação pode ser usada como complemento. Em fases mais avançadas, a cirurgia vítreo-retiniana é indicada para remover sangramentos e reposicionar a retina”, detalha Chagas.

Prevenção é o melhor caminho

O controle rigoroso do diabetes — com manutenção dos níveis de glicemia, pressão arterial e colesterol — é a principal forma de prevenir a retinopatia diabética. Também é essencial realizar exames oftalmológicos pelo menos uma vez por ano, especialmente para quem já tem algum grau de comprometimento visual.

“Mais do que tratar, é preciso prevenir. A retinopatia diabética pode ser evitada ou controlada com diagnóstico precoce, mudanças de estilo de vida e adesão ao tratamento médico. Neste Novembro Azul, o lembrete vai além da saúde masculina; é um chamado para olhar com atenção também para os olhos e para o controle do diabetes”, conclui o oftalmologista Murilo Barreto, da  Clínica OftalmoDiagnose.

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