terça-feira, 2 dezembro, 2025

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Cansaço de fim de ano cresce e especialistas alertam para sinais de esgotamento

À medida que o ano se aproxima do fim, muitas pessoas sentem o peso acumulado dos meses anteriores. Entre metas que precisam ser concluídas, demandas profissionais, compromissos sociais e expectativas familiares, o período se transforma em um teste de resistência emocional. A psicóloga Mayrla Pinheiro, da Hapvida, explica por que essa sensação é tão comum e como identificar o momento de desacelerar antes que o cansaço evolua para esgotamento.

“O fim de ano acumula a pressão de fechar ciclos (trabalho e metas anuais) com a alta demanda social e familiar (festas, presentes e eventos), gerando uma sobrecarga de tarefas e expectativas”, afirma a especialista. Essa combinação deu origem a um termo popular para o fenômeno: a “síndrome de novembro”. Embora não seja um diagnóstico clínico, o nome descreve bem o que muita gente sente nessa época. “É a soma da exaustão acumulada ao longo do ano com a pressão final para dar conta de tudo antes da pausa”, destaca Mayrla.

O corpo também envia sinais claros. Enquanto o cansaço físico costuma melhorar após uma boa noite de sono, a fadiga emocional se manifesta por irritabilidade, dificuldade de concentração, perda de interesse em atividades prazerosas e a sensação de estar “no limite”, mesmo após descansar. “Quando isso acontece, é o corpo pedindo uma pausa real. Ignorar esses sinais pode levar a um esgotamento, enfraquecer o sistema imunológico e comprometer até os momentos que deveriam ser de alegria e celebração”, alerta.

Para lidar com o período, pequenas atitudes podem ajudar. “Priorize tarefas essenciais, delegue o que puder , seja em casa e no trabalho e,  reserve pequenos blocos de tempo, de 15 minutos, apenas para respirar ou fazer algo que lhe dê prazer”, orienta a psicóloga. Ela também ressalta a importância da atenção plena no cotidiano. “Focar em uma atividade de cada vez, mesmo as mais simples, como tomar um café ou lavar a louça, ajuda a ancorar a mente no presente e reduzir a ansiedade”, explica.

O sono e a alimentação também influenciam diretamente no equilíbrio emocional. “Um sono de qualidade regula o humor e a memória. Já uma alimentação equilibrada, mesmo que simples, fornece energia estável para o cérebro lidar com o estresse sem oscilações de irritação ou fadiga”, diz Mayrla. Para ela, descansar de verdade exige intenção. “Um descanso restaurador é aquele em que você se desconecta das obrigações e dos estímulos que geram estresse. É possível – e necessário – aprender a descansar.”

Desligar-se do trabalho durante as férias costuma ser um desafio. A recomendação é estabelecer limites antes da pausa. “Defina horários específicos para checar e-mails – por exemplo, 15 minutos no primeiro dia – e, fora desse tempo, guarde o celular em outro cômodo. O descanso precisa ser um compromisso ativo”, orienta.

No fim, mais do que fechar ciclos, o período é um convite para autocuidado. “Lembre-se de que você é mais do que sua produtividade. Seu valor não está no quanto você faz, mas em quem você é. Permita-se ser gentil consigo mesmo agora; você merece esse cuidado antes mesmo das férias chegarem”, conclui.

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