Até o momento, cerca de R$100 milhões já foram investidos; 152 geomantas foram aplicadas nas encostas com investimento de mais R$14 milhões.
“A Prefeitura de Salvador já realizou 58 obras de contenção e outras 8 (oito) estão em execução para evitar que, no próximo período de chuvas, logo após o Verão, novas tragédias não venham a acontecer na cidade. Até o momento, cerca de R$100 milhões já foram investidos; 152 geomantas foram aplicadas nas encostas com investimento de mais R$14 milhões”. Essas informações são da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra) conduzida pelo vice-prefeito Bruno Reis.
Segundo o diretor-Geral da Defesa Civil de Salvador (Codesal), Sosthenes Macedo nesse período que antecede às chuvas, as atividades de campo estão sendo mais intensificadas. “Estamos reforçando equipes, realizando limpeza de encostas, colocando lonas de proteção, fazendo vistorias, e afastando os riscos das populações que vivem nesses locais”, disse por telefone ontem, quinta-feira 14.
Citando o Plano Diretor de Encostas (PDE), criado em 2004, Sosthenes Macedo afirma que já foram levantadas cerca de 600 áreas de risco na capital baiana e que todas podem ter deslizamentos de terras. “De lá pára cá, muito já foi feito, mitigando riscos dessas localidades. Mas, embora tenhamos avançado muito na execução de contenções, outras áreas passaram a se tornar de riscos pela ocupação desordenada da população”.
Problema
O gestor da Codesal lembra, ainda, que a ocupação urbana de forma irregular e desordenada nas áreas de encostas, é um dos principais problemas enfrentados pela administração municipal. “Os crescentes assentamentos populacionais nessas áreas trazem como consequência os deslizamentos de terra e desabamentos de imóveis que vitimam pessoas, a cada ano, nos períodos de grandes pluviosidades”, relata.
A partir de 2016, concomitante à elaboração de mapeamento de riscos das áreas críticas, a Codesal começou a desenvolver uma ferramenta para gestão eficiente de áreas de risco, que consiste no cadastramento dos imóveis e elaboração de mapas. Ferramentas estas, destinadas a subsidiar a Defesa Civil na sua gestão, prevenção e redução dos riscos. Desde, então, estão sendo mapeadas áreas com a elaboração de diagnóstico, intervenção, risco e ocupação.
Fatores
Professor da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia e presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (CREA-Bahia) Luis Edmundo Campos, informa que os deslizamentos ocorrem por vários fatores. Entre eles, a topografia do terreno; as propriedades do solo; a infiltração ou elevação das águas; e o que foi construído em cima dele.
O engenheiro faz um importante alerta aos que moram nesses locais. “E preciso ficar atento ao acúmulo de águas no terreno onde está a casa; ter cuidados com as canaletas; e, se possível, proteger as encostas com lonas plásticas. Esta é uma medida de prevenção adotada pela Defesa Civil para áreas com risco de deslizamentos de terra, principalmente em períodos de chuvas intensas”, reforça.
Luis Edmundo diz mais: “A colocação da lona plástica deve ser precedida de uma vistoria da Codesal ou do próprio morador com orientação técnica. E, antes de finalizar, faz um novo alerta de segurança: “Quando a chuva for muito forte (a pior é a continua) o recomendável é o morador esperar ela parar e ficar longe do local, por uns quatro dias para verificar se não houve infiltração no terreno. Se houve, com certeza, haverá possibilidade de deslizamento de terra”, garante.
Geomantas
Contra os efeitos do período chuvoso uma das soluções encontrada pela Prefeitura de Salvador foi a instalação de geomantas. Trata-se de uma técnica de proteção de encosta, formada por um composto de PVC e geotêxtil, com cobertura de argamassa jateada. Ela impermeabiliza o talude e erosões superficiais, absorve águas da chuva e evita possíveis riscos de deslizamento do terreno. A duração do material é de 5 anos, em média – bem superior ao da lona comum, que é de três meses.
Outra solução – de longo prazo – visa beneficiar famílias com renda, de até três salários mínimos. A Seinfra Municipal disponibiliza acesso a arquitetos e engenheiros para elaboração de projetos de construção ou de obras de ampliação de imóveis particulares. O serviço é oferecido através do Escritório Público de Arquitetura, Urbanismo e Engenharia, localizado na sede da Seinfra, no Vale dos Barris, número 125.
O interessado nos serviços deve apresentar RG, CPF, documento da propriedade, comprovante de residência (preferencial de água), e comprovante de renda. O atendimento é de segunda à sexta-feira, das 8h30 às 11h30 e das 13h às 16h30. Maiores informações podem ser obtidas, também, pelo telefone 3202-4643.