segunda-feira, 14 julho, 2025

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Professor cria oficina em escola estadual, mas teme que teatro padeça com chuvas

Há 5 anos, um professor decidiu criar uma oficina de teatro no Centro Estadual de Educação Profissional em Saúde Anísio Teixeira, no bairro Caixa D’Água, em Salvador. O objetivo do professor e psicólogo Adson Brito, que trabalha no Centro há 25 anos, é estimular os alunos a conhecer a arte do teatro, além de aprofundar a discussão sobre diferentes temas.

“Eu percebi que os alunos estavam desestimulados com o colégio, eles já não estavam mais tão interessados nas atividades propostas. Aí eu resolvi montar a Oficina de Teatro. Ela é um convite para os alunos aprenderem a arte de fazer teatro e discutir temas relacionados ao respeito à diversidade, à questão do idoso, à questão da cidadania, futuro profissional, drogas, entre outros assuntos”, contou o professor ao Bahia Notícias.

Algo que tem preocupado Adson e os alunos da oficina, contudo, é o fato do teatro do Anísio Teixeira sempre ficar alagado e em condições precárias quando chove em Salvador. “É um teatro que tem história, trabalha com toda comunidade, inclusive tem ex-alunos que frequentam também. Infelizmente, quando chove, o teatro fica alagado, e a escola tem poucos funcionários. Eles têm boa vontade para secar, mas os alunos precisam ajudar também a tirar a água do teatro. É goteira, pingueira para tudo quanto é canto”.

O professor fez um apelo: “A gente queria ver se o Estado se sensibiliza para poder resolver essa questão. É um grande problema, ficamos com medo de perder o teatro. Uma parte do palco já está cedendo por causa da chuva, ele está precisando de um suporte “.

Adson informou que a direção da escola entra “constantemente” em contato com a Secretaria de Educação do Estado da Bahia (SEC) para falar sobre a situação do teatro, mas dificilmente obtém retorno da mesma. Em resposta ao Bahia Notícias, a SEC informou que técnicos da pasta irão realizar nesta terça-feira (23) uma vistoria na infraestrutura do Centro Estadual.

Outra questão apontada pelo professor é a falta de um “apoio mínimo” do Estado para ajudar a Oficina de Teatro a levar os espetáculos produzidos pelo grupo para outras escolas públicas de Salvador ou do interior. “Eu acho que todos sairiam ganhando”.

Neste semestre o grupo teatral está estudando um texto sobre bullying, porque segundo o psicólogo ele tem percebido que um número “relativamente grande” de alunos tem passado por essa problema. “Estamos trabalhando esse tema, porque é uma forma de alertar os professores, alunos e pais que existe uma forma de lidar com essa questão”. Adson destaca que muitos estudantes não conseguem demonstrar ou falar sobre o que estão passando, e isso reflete no rendimento escolar deles.

Em 2018, o tema trabalhado pelo grupo era “Racismo, bullying e outros bichos” e a oficina foi convidada a se apresentar em diversos colégios da cidade. “As pessoas conseguiram se identificar com o nosso trabalho. E nossa proposta é abordar um tema e fazer uma reflexão sobre ele”, explica. O professor acredita que seria importante passar pelas escolas novamente, mas para isso o Estado teria que ver o trabalho realizado e “abraçar a causa”.

Ainda assim, a oficina tem um feedback positivo por parte dos professores e dos familiares. “Alunos, por exemplo, que eram tímidos, já estão conseguindo se expressar melhor na sala de aula, outros que tinham dificuldade de interação social já estão mais participativos. Então essa oficina, na verdade, é um resgate dessa autoestima, da cidadania, para através dela o aluno aprender a conviver com as diferenças”.

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