sexta-feira, 22 novembro, 2024

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Crise fecham as portas de loja da Comercial Ramos em Salvador

A placa de ‘aluga-se’ na fachada já dava o tom de despedida. No local, portas fechadas e restos de uma história deixada para trás. Quem um dia já foi a maior rede de lojas de materiais de construção do estado, hoje tem dado os últimos suspiros. A loja matriz da Comercial Ramos, na Avenida Antonio Carlos Magalhães, fechou as portas há dois meses.

Os sinais da crise já transpareciam há anos. Clientes relatam que, ao contrário do que ocorria nos tempos áureos da loja, recentemente estava mais difícil de encontrar opções sortidas e o preço mais em conta do que nas concorrentes. A rede de loja, que já chegou a se considerar ‘a maior do Norte/Nordeste’ e uma das 25 maiores revendedoras do segmento no país, agora só possui duas unidades no estado: a de Lauro de Freitas, considerada a atual sede, e a da San Martin, na capital. Vitória da Conquista, Feira  de Santana e  Vale do Nazaré, em Salvador, já estão com as suas unidades fechadas.

O resultado, no entanto, não é algo isolado. É o que garante o presidente da Associação dos Comerciantes de Material de Construção do Estado da Bahia (Acomac-BA), Geraldo Cordeiro, que ressalta que, nos últimos anos, a crise acabou resultando no fechamento de várias lojas no segmento de venda de material de construção. Ele relembra o fechamento da Dismel, que liderava o ramo antes da Ferreira Costa, e disse que outras lojas do ramo também fecharam no estado.

A falta de demanda interna foi apontada como um dos principais problemas enfrentados pelas empresas do setor de construção civil, segundo a Sondagem Indústria da Construção referente a junho. A pesquisa foi divulgada no último dia 26 pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A demanda interna insuficiente foi apontada por 37,3% dos empresários pesquisados – atrás apenas da carga tributária (37,9%). No primeiro trimestre, a preocupação com a demanda insuficiente estava pouco abaixo, sendo mencionada por 35,2% dos entrevistados.

Também foram citadas a falta de capital de giro (28,8%), a inadimplência dos clientes (25,6%), a burocracia excessiva (24,2%), a taxa de juros elevados (23%) e a falta de financiamento de longo prazo (14,3%). Diante desse cenário, a CNI defende que o governo adote “medidas que possam lidar com a falta de demanda” e que facilite o financiamento, o que, “certamente, seria positivo para o setor”.

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