quinta-feira, 23 outubro, 2025

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Dentista alerta para os riscos da ‘doença do beijo’ nas festas de verão

Professor Dr. Ernesto Neto Santos Sousa Neto.

Para muita gente, em todos os cantos do Brasil, a temporada verão-carnaval é sinônimo de beijar na boca, não é mesmo? As festas e os encontros animados da estação mais quente do ano facilitam conhecer pessoas novas, e a paquera acaba rolando solta! 

 Porém, a orientação de especialistas como o cirurgião-dentista Professor Doutor Ernesto Neto, para quem quer beijar muito nos próximos dias é de ‘muita calma nesta hora!’. Em miúdos, bem assim: “Dê atenção à higiene bucal, para não acabar contraindo a  mononuclease infecciosa, conhecida como a ‘doença do beijo’. Resultante da exposição do vírus Epstein-Barr, ela atinge, inclusive, as crianças. Todavia, são os adolescentes, os mais afetados e, muitas vezes, os mais despreocupados também, de tão empolgados com o ingresso na vida sexual. 

 A seguir, o cirurgião Ernesto Neto explica um pouco sobre um dos males típicos do verão — contágio, transmissão, cuidados. Atente, ainda, às orientações especiais dele com as crianças, na entrevista à jornalista Isana Pontes.

Isana Pontes – Quais as formas de transmissão da chamada ‘doença do beijo’?

Ernesto Neto – Uma das formas de transmissão é o contato íntimo. A outra, pela saliva. É comum a disseminação entre membros de uma família, quando alguém do grupo fica exposto ao vírus que está na forma ativa.

Isana Pontes – Como o Epstein-Barr pode chegar às crianças?

Ernesto Neto – Através da saliva, de brinquedos e de outros objetos compartilhados.

Isana Pontes – Como os adultos costumam contrair este vírus?

Ernesto Neto – Através da transferência direta da saliva: por canudos compartilhados ou pelo beijo. Daí, a denominação de ‘doença do beijo’, muito comum durante o verão e, especialmente, no pós-carnaval.

Isana Pontes – Quando a criança é infectada, como a virose se manifesta?

Ernesto Neto – Na criança é infectada, o quadro é assintomático — ela normalmente não tem nada. As infeções se manifestam em adultos jovens.

Isana Pontes – Quais os sintomas que um adulto costuma apresentar?

Ernesto Neto – Febre de 40º, faringite, donsilite, os gânglios linfáticos ficam entumecidos, as pessoas infectadas apresentam faringite. Quinze dias antes de a febre se manifestar, a pessoa contaminada fica muito cansada, sente mal-estar ao engolir a saliva e um grande desconforto. Nessa época —  na qual muitos vão ao dentista para fazer clareamentos  e ficar com o sorriso em dia pros festejos — as amígdalas inchadas  podem denunciar que o Epstein-Barr se instalou naquele organismo. Também chama atenção a nós dentistas a secreção amarelada na saliva de alguns pacientes. Em alguns, vemos muitas petéqueas — manchas avermelhadas espalhadas por todo o céu da boca.

 Isana Pontes – Qual o conselho para quem percebe esses sinais, depois de ter distribuído muitos beijos pelas festas de verão e de carnaval?

Ernesto Neto – Que procure um médico clínico ou um dentista. O diagnóstico é clínico e feito através de exames laboratoriais.

Isana Pontes – Qual o tratamento para a pessoa contaminada?

Ernesto Neto – Após 4 a 6 semanas da contaminação os sintomas desaparecem, mas uma vez instalado no organismo, o Epstein-Barr permanece para a vida toda na pessoa. Enquanto os sintomas persistirem, a dica é a utilização de antiinflamatórios que devem ser prescritos por profissional habilitado, analgésicos e antipiréticos, para diminuir esses sintomas, mas é importante destacar que o diagnóstico diferencial é muito importante, uma vez que há outros problemas que têm a mesma sintomatologia deste vírus, mas não são ele. Por isso, em vez de se automedicar, o doente deve procurar um especialista para fechar o diagnóstico.

Isana Pontes – E, como evitar?

Ernesto  Neto– Uma vez contaminada, a pessoa deve evitar compartilhar copos, canudos. Quem tem o vírus, pode transmitir para quem não tem e aqueles que sabem que tem este virus instalado no corpo deve, pelo resto da vida, se tem filhos, sobrinhos e contato constante com crianças, evitar falar muito próximo, inclusive, beijar as crianças, já que uma das formas de transmissão é pela saliva.

Isana Pontes – Tem vacina contra a mononucleose?

Ernesto Neto – Ainda não. Exatamente por isso as pessoas que têm o vírus devem ser conscientes e prudentes!

 

* O Prof. Dr. Ernesto Neto Santos Sousa Neto é Mestre em Odontologia e Saúde (UFBA), Especialista em Implantodontia (SOEBRA), Pós-Graduado em Prótese sobre Implantes (CEBEO), Pós-Graduado em Cirurgia Oral (CEBEO), Especialista em Saúde Pública (EBMSP). Especialista em Harmonização Facial (FAIPE), Doutorado em Odontologia e Saúde (UFBA)

 

 

 

 

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