O secretário da Segurança Pública da Bahia, Maurício Teles Barbosa, está entre os alvos da nova fase da Operação Faroeste, deflagrada na manhã desta segunda-feira (14/12), por decisão do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Og Fernandes. Inicialmente, Barbosa ficará afastado do cargo por 180 dias.
A casa do titular, que é delegado federal, amanheceu cercada pela Polícia Federal e foi alvo de cumprimento de mandado de busca e apreensão. As medidas foram solicitadas ao STF e pela subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo. São investigados crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa (orcrim) no TJBA.
Outros sete investigados foram afastados de suas funções públicas pelo prazo de um ano, a partir de hoje. Os detentores de funções públicas foram, ainda, proibidos de acessar as dependências dos respectivos órgãos onde trabalham e de manter contato com funcionários desses órgãos. Há ainda requerimentos para que a SSP/BA e a Procuradoria-Geral de Justiça do MP/BA apresentem, em 30 dias, as informações e documentos solicitados pelos investigadores.
Na decisão, o ministro Og Fernandes salientou que “o conjunto probatório colacionado aos autos revela a suposta existência de uma engrenagem judicial criminosa no seio do Tribunal de Justiça baiano, que possui a venda de decisões como mercadoria para o enriquecimento ilícito em escala geométrica”. O ministro também ressaltou a importância de todas as fases da Operação Faroeste que inibiram empreitadas criminosas dos integrantes da orcrim que já estavam em andamento. Como o procedimento está sob segredo de Justiça, não serão divulgados os nomes dos alvos da operação de hoje.
Operação Faroeste
A Operação Faroeste foi deflagrada pelo MPF em novembro de 2019, com a instauração do Inquérito 1.258/DF. O objeto inicial era a existência de suposto esquema de venda de decisões no Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA) com o envolvimento de pelo menos quatro desembargadores.
O esquema criminoso criado por Adailton Maturino dos Santos – que passou a contar com a participação de magistrados – consistia na legalização de terras griladas no Oeste do estado. A orcrim conta, ainda, com laranjas e empresas para dissimular os benefícios obtidos ilicitamente. Há suspeitas de que a área objeto de grilagem supere os 360 mil hectares e de que o grupo envolvido na dinâmica ilícita tenha movimentado cifras bilionárias.
Com o aprofundamento das investigações e a deflagração de outras fases da Operação Faroeste pelo MPF foi descoberto também o envolvimento de integrante do alto escalão e de servidores do Ministério Público do Estado da Bahia, de servidores da Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia (SSP/BA) e de advogados.
Até o momento, foram tomadas várias medidas cautelares, como prisões temporárias e preventivas, buscas e apreensões, afastamento de funções públicas, quebras de sigilo bancário, fiscal e telemático de diversos alvos. As investigações apontam para a existência de uma engrenagem criminosa com várias ramificações com a participação de dezenas de pessoas e a possibilidade do envolvimento de autoridades da alta cúpula do Poder Público baiano.
Em virtude da complexidade do esquema criminoso, o MPF fatiou as apurações e ofereceu três denúncias autônomas com o objetivo de delimitar os fatos e individualizar as condutas de cada investigado no Inquérito 1.258/DF. As denúncias deram origem às ações penais 940, 953 e 965, que tramitam no Superior Tribunal de Justiça.
Outros envolvidos
A operação deflagrada pela Polícia Federal na manhã desta segunda, no âmbito da Operação Faroeste, que busca a participação de membros de outros Poderes no esquema que investiga venda de sentenças por juízes e desembargadores do Tribunal de Justiça da Bahia cumpriu 36 mandados de busca e apreensão.
Segundo a PGR foi descoberto o envolvimento de integrantes do alto escalão e de servidores do Ministério Público do Estado da Bahia, além de servidores da Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia (SSP/BA) e de advogados no esquema.
O secretário de Segurança Pública da Bahia, Maurício Barbosa, foi um dos alvos da Operação Faroeste e ficará afastado do cargo por 180 dias. Veja aqui.
As desembargadoras Ilona Márcia e Lígia Maria foram presas pela Polícia Federal (PF) na manhã desta sexta-feira (14) e nomes de advogados e funcionários públicos estão entre os 36 mandatos de busca. Entre eles estão os advogados Rui Barata Lima Filho, filho da desembargadora Lígia Maria, Arthur Gabriel Barata, Diego Ribeiro, Ivanilton Santos da Silva Júnior, filho do desembargador Ivanilton Santos da Silva, e Marcelo Junqueira Ayres Filho, que é genro do Secretário de Planejamento, Walter Pinheiro.
Diego Ribeiro e Ivanilton Santos da Silva Júnior, filho do desembargador Ivanilton Santos da Silva.