A declaração do presidente do PSDB baiano, João Gualberto, nesta terça, 20, de que os tucanos não farão aliança com o prefeito ACM Neto (DEM), caso o MDB, com Lúcio Vieira Lima, esteja na chapa, abriu brecha para que outros partidos da base de Neto comecem a pensar no caso e criem uma dificuldade maior para o provável candidato na disputa ao governo contra Rui Costa (PT).
O presidente estadual do PSC, Eliel Santana, por exemplo, disse ao A TARDE que este é um dos assuntos que, agora, comporão a pauta da reunião da Executiva do partido na próxima segunda-feira.
Embora nenhuma fonte partidária ouvida pela reportagem queira falar, por enquanto, publicamente, sabe-se que o temor de todos, principalmente de Neto, é o de que a imagem do “bunker” de R$ 51 milhões, atrelada aos irmãos Vieira Lima, Geddel e Lúcio, contamine a campanha e prejudique o resultado das urnas. O MDB, porém, partido do vice-prefeito Bruno Reis, é importante para Neto, uma vez que tem generoso tempo de televisão para a campanha – o tempo é determinado pela bancada federal dos partidos, e a sigla tem 55 deputados federais.
Sem chance
“A gente não coliga com o MDB de Lúcio e Geddel, enquanto Lúcio estiver no partido. O problema não com é o partido, o MDB, e nem pessoal. Mas não tem condição (…). Depois que apareceram as malas de R$ 51 milhões não tem mais o que falar. Tem que tomar providência. A Executiva se reuniu e deliberou que não coliga”, disse Gualberto, com a ressalva de que “se o Lúcio sair, não tem problema”.
“Não é porque alguém do partido teve desvio de conduta que vou dizer que o problema é de todo o partido”, defende o tucano.
Um dos planos articulados por aliados de Neto para ficar com o bônus do partido, o tempo de TV, sem carregar junto o ônus do “bunker”, seria a migração de Lúcio para um partido menor, o PHS. Sem Lúcio na sigla, o partido seria bem-vindo, tanto para o PSDB quanto para Neto. Nos bastidores se diz que o sondaram.
Mas gente bem próxima a Lúcio afirma que ele já bateu martelo: não sai do partido. Lúcio, que é alvo do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, e também tem nome citado nas investigações da Operação Tesouro Perdido, na Lava Jato, tem na cabeça por objetivo conseguir eleger-se para garantir foro privilegiado.
Procurado por A TARDE, Lúcio disse apenas que João Gualberto expressou a opinião dele: “Ele expressou a posição pessoal. Cada um pensa da forma que quiser e fala o que quiser. Mas quem fala pelo MDB é o presidente, Pedro Tavares”. A TARDE procurou Tavares, mas ele não atendeu às ligações.
O deputado federal tucano Jutahy Magalhães Jr., procurado, preferiu não comentar, mas deu recado: “Eu só trabalho com a hipótese de ter Neto candidato ao governo até o dia 6 de abril. Eu trabalho para fazer o que for necessário para isso”.