sábado, 27 julho, 2024

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Aliados tentam isolar Lúcio Vieira Lima

Depois de tentar convencer Lúcio a deixar o MDB e se filiar a um partido nanico, os aliados agora tentam pressionar publicamente o parlamentar a sair do partido

O desgaste que as malas de R$ 51 milhões provocou à imagem do deputado federal Lúcio Vieira Lima (MDB) tenta ser contido por aliados do prefeito ACM Neto (DEM) para que não contamine todo o grupo da oposição. Os correligionários querem isolar o irmão do ex-ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima (MDB), para evitar que a provável candidatura do democrata seja afetada pelo escândalo. Depois de tentar convencer Lúcio a deixar o MDB e se filiar a um partido nanico, os aliados agora tentam pressionar publicamente o parlamentar a sair do partido. Ontem, o presidente do PSDB da Bahia, o deputado federal João Gualberto, deixou bem claro a intenção. “O PSDB não coliga com ACM Neto ou o DEM se o MDB [de Lúcio Vieira Lima] participar da chapa proporcional ou/e majoritária. Mesmo que Neto queira, nós não vamos coligar. A gente não quis se aliar em 2014, e não queremos agora”, afirmou o tucano.

Na eleição de 2014, Gualberto diz que o PSDB se recusou a ficar no grupo oposicionista se Geddel fosse o candidato a governador. Diante da resistência dos tucanos, o ex-ministro postulou o Senado e perdeu. Agora, a situação dos emedebistas é ainda pior. O antigo cacique da sigla está preso e Lúcio é investigado por crimes de lavagem de dinheiro, associação criminosa e ameaça. Corre o risco ainda de ter o mandato cassado pelo Conselho de Ética da Câmara dos Deputados por quebra de decoro parlamentar. A expectativa é que o relator do caso, Hiran Gonçalves (PP-RR), protocole amanhã o parecer prévio a respeito da admissibilidade ou não do processo. Depois, o texto segue para a votação no colegiado.

À vista deste cenário nebuloso, aliados comentam que o prefeito ACM Neto teria condicionado a sua candidatura ao Palácio de Ondina a saída de Lúcio do MDB. Avalia o democrata soteropolitano que não dá para abrir mão do partido, que tem força política-eleitoral no interior baiano, e o tempo de televisão. Pondera, no entanto, que o desgaste com o emedebista na legenda, para sua eleição, pode ser enorme.

Lúcio Vieira Lima, que já havia descartado a hipótese de deixar a sua agremiação, demonstrou, ontem, mais uma vez que não abandonará a sigla, ao rebater o deputado João Gualberto. “Eu estou preocupado com o MDB. Se eu fosse sugerir com quem o PSDB deve coligar ou não, talvez eu falasse a mesma coisa. Eu me preocupo com a minha casa, Gualberto que se preocupe com a casa dele. Eu respeito o pensamento de todos, mas, antes de falarem que querem ou não alguém esse alguém tem que dizer se quer ou não eles. Respeito Gualberto, mas essa é a opinião dele”, declarou, em entrevista ao Bahia.ba.

‘Salvador pode ter um governador e um prefeito’

Mesmo sem confirmar sua candidatura ao governo da Bahia, o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), voltou a provocar, ontem, o governador Rui Costa (PT), o seu provável adversário na eleição deste ano.

Em entrevista à imprensa, o democrata disse que o petista é “pirracento”. “Salvador vai ter não só um governador no Palácio de Ondina, mas um governador e um prefeito. Diferente do que existe hoje, onde não diálogo entre o governo e a prefeitura, e sim pirraça pela parte do governo com a prefeitura, nós teremos um governador e um prefeito parceiros”, afirmou, após a apresentação da programação do Festival da Cidade para marcar os 469 anos de Salvador.

ACM Neto, ainda, admitiu que o vice-prefeito de Salvador, Bruno Reis, pode deixar o MDB e migrar para o Democratas nesta janela partidária. “Existe a possibilidade de ele ir para o Democratas? Óbvio que existe, mas não procede a especulação de que ele se filiou ao Democratas. […] Isso só vai ser conhecido na reta final, quando eu tornar pública a minha decisão”, pontuou.

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