A Bahia é o estado com a segunda maior incidência de câncer de próstata no Brasil, com estimativa de 6.510 novos casos em 2025, sendo 1.200 apenas em Salvador, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). No país, o número pode chegar a 71.730 diagnósticos.
O tipo de tumor é o mais comum entre os homens, desconsiderando o câncer de pele não melanoma, e representa 28,6% das mortes masculinas por neoplasias malignas, de acordo com o Ministério da Saúde.
“O Novembro Azul tem a proposta de conscientizar a população masculina sobre a importância dos cuidados com a saúde e do diagnóstico precoce do câncer de próstata”, afirma o oncologista Rafael Batista, da Oncoclínicas. Ele destaca que homens afrodescendentes têm maior propensão à doença. “Com a maior população negra do Brasil, as estatísticas da Bahia refletem essa realidade. Além da maior propensão, o tumor costuma evoluir de forma mais agressiva entre afrodescendentes”, completa.
Sintomas e diagnóstico precoce
Nos estágios iniciais, o câncer de próstata costuma ser silencioso e, geralmente, só apresenta sintomas em fases mais avançadas. Dificuldade para urinar, dor ou ardor, gotejamento prolongado e aumento da frequência urinária são sinais de alerta.
“Mesmo pacientes mais jovens e sem fatores de risco devem ter atenção aos sinais e procurar ajuda especializada para investigar o quadro”, alerta o oncologista André Bacellar, também da Oncoclínicas.
A médica Carolina Rocha explica que, em casos avançados, podem surgir sangue no sêmen, dor óssea e impotência sexual, além de outros sintomas decorrentes de metástases.
Exame rápido que salva vidas
O exame de toque retal, fundamental para o diagnóstico precoce, ainda é rejeitado por parte dos homens. “A desinformação e o preconceito prejudicam muito o combate à doença. O exame de toque dura de 5 a 15 segundos e é essencial para detectar alterações que o PSA não identifica”, afirma Bacellar.
Carolina Rocha reforça que o tumor “geralmente não apresenta sintomas no início e, por isso, os exames de rastreamento são os principais aliados contra o diagnóstico tardio”. Segundo ela, quando identificado precocemente, o câncer de próstata tem mais de 90% de chance de cura.
A recomendação médica é que homens a partir dos 50 anos procurem um urologista para avaliação anual com exame clínico e teste de PSA. Para homens negros ou com histórico familiar da doença, a investigação deve começar aos 40 ou 45 anos.
Tratamento e vigilância ativa
O tratamento é individualizado e depende da idade do paciente, do estágio da doença e do grau de agressividade do tumor. Nem todos os casos exigem cirurgia imediata, quimioterapia ou radioterapia.
“Para tumores iniciais e menos agressivos, o acompanhamento vigilante com consultas e exames periódicos pode poupar o paciente de efeitos colaterais do tratamento”, explica Rafael Batista.
Nos demais casos, as opções incluem cirurgia, radioterapia, bloqueio hormonal e braquiterapia — conhecida como radioterapia interna —, com boas taxas de resposta em doenças localizadas.
