A proposta do senador Angelo Coronel (PSD), que apresentou projeto de lei que propõe revogar a cota de 30% das candidaturas de mulheres, está dando o que falar entre aliados e opositores. Conforme a Tribuna noticiou anteontem, a deputada federal Lídice da Mata (PSB) foi a primeira que se manifestou sobre o caso. O líder do PT na Assembleia Legislativa da Bahia, deputado Marcelino Galo, avalia o texto como um extremo retrocesso. “A decisão é uma ação na contramão de tantas conquistas das mulheres na política, com destaque para o número de parlamentares eleitas no último pleito. Trabalhar pela retirada desses direitos é escolher o lado errado da democracia”, declarou Marcelino.
O líder do PT também destacou que estará ao lado das deputadas petistas Fátima Nunes, Maria del Carmen e Neusa Cadore na luta contra a aprovação desta proposta. “Para quem foi o criador de uma assembleia com mais carinho pelo próximo, devo dizer que o senador Ângelo Coronel precisa pensar nas mulheres, também, com mais carinho”. Na esfera municipal, o presidente do PT em Salvador, Gilmar Santiago, criticou duramente o projeto. O edil ratificou a declaração da deputada federal Lídice da Mata (PSB), que classificou o texto como “descabido e inadmissível”. “O projeto do senador Angelo Coronel é um retrocesso, pois não se combate candidatura laranja retrocedendo em um direito que busca garantir mais equidade entre homens e mulheres no processo de representação política”, destacou o edil.
“O projeto do senador é, no mínimo, um equívoco, pois em vez de acionar outros mecanismos para combater a fraude das candidaturas laranjas com maior controle da Justiça Eleitoral e fiscalização dos partidos políticos, ele apresenta um projeto que vai de encontro à lutas das mulheres. Não foi para isso que o povo baiano o elegeu para o senado”, completou Gilmar.
A vereadora Aladilce Souza (PCdoB) afirmou que vai liderar uma frente parlamentar feminina para a não aprovação do polêmico projeto. “Acho que é um projeto absurdo que se aprovado provocará retrocesso na participação das mulheres na política. O senador deveria era incentivar os partidos a investirem de maneira efetiva nas candidaturas de mulheres”, declarou. “Não é penalizando as mulheres que ele vai conseguir o fim das candidaturas laranjas! Vou propor a todas as vereadoras do Estado e deputadas estaduais a nos juntarmos e fazermos um movimento pela não aprovação de um projeto tão prejudicial a luta das mulheres!”, completou.
E a oposição também já está deitando e rolando em cima do caso. O titular da Secretaria Municipal de Promoção Social e Combate à Pobreza (Semps), Leo Prates (DEM), foi às redes sociais criticar duramente Coronel. O parlamentar do PSD chegou a declarar “cota é discriminação e reconhecimento de fraqueza” e foi rebatido pelo aliado do prefeito ACM Neto (DEM). “Peço que o senador Angelo Coronel pergunte aos milhares de deficientes, negros e mulheres pelo Brasil se as cotas são sinal de fraqueza ou inclusão e reparação por toda a exclusão que lhes foram impostas!”, escreveu Prates nas redes sociais. “Defendi, defendo e defenderei sempre as Cotas!”, completou.
O democrata também se associou a fala da deputada Lídice da Mata. “Acredito no sistema de cotas e considero a participação da mulher na política fundamental para o avanço da democracia”, postou no Twitter. Lídice agradeceu o apoio. “Obrigada, deputado Leo Prates. É assim que se faz a verdadeira política, independente de que lados estejamos. Meus cumprimentos”, escreveu a pessebista. E o assunto também teve grande repercussão no âmbito nacional. O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) se manifestou no Twitter. “Senador
Angelo Coronel fazendo jus ao sobrenome ao apresentar projeto para revogar a reserva de 30% das candidaturas às mulheres. Mas o tempo dos coronéis já passou. Por isso Sâmia Bomfim e eu apresentamos projeto para que 50% das vagas nos parlamentos sejam preenchidas por mulheres”, postou.