sexta-feira, 31 outubro, 2025

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BNDES e governo anunciam R$13,1 bi para mobilidade urbana em Salvador e RM até 2054

Por Morgana Montalvão

Salvador e a Região Metropolitana serão contempladas com investimentos de R$ 13,1 bilhões em projetos que ampliam as redes de transporte público coletivo de média e alta capacidade (TPC-MAC) até 2054. O pacote integra o Estudo Nacional de Mobilidade Urbana (ENMU), desenvolvido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) em parceria com o Ministério das Cidades.

Na capital baiana, o ENMU projeta expansão da rede com 3 km de metrô, 7 km de corredor de ônibus, entre 56 km e 90 km de VLT e 10 km a 44 km de BRT. A definição final entre VLT ou BRT para alguns trechos será tomada nas etapas seguintes, com base em estudos de modelagem técnica. Considerando as alternativas tecnológicas, o levantamento lista 11 trechos; na contagem por projetos originais são 9 iniciativas de médio a alta capacidade.

Entre as obras previstas estão a extensão da Linha 1 do Metrô (Lapa–Barra) e a implantação do corredor Central — Baixa do Fiscal–Terminal Rodoviária, do BRT Transversal (Avenida Gal Costa) e do VLT San Martin. Na RMS, estão programados a implantação do VLT e do BRT elétrico em Lauro de Freitas.

Foto: Ascom/Semob

A implantação dos projetos deve melhorar a mobilidade da cidade: estima-se redução de cerca de 210 mortes por acidente de trânsito até 2054 e evitação de 103,8 mil toneladas de CO₂ ( dióxido de carbono) por ano. A maior participação de sistemas de média/alta capacidade também deve provocar queda de 5% no custo operacional por viagem e reduzir o tempo médio de deslocamento — com impacto econômico estimado em R$ 1,8 bilhão para Salvador.

Veja abaixo, a tabela com o número do projeto, nome, tecnologia, extensão, população em raio de 1 km do traçado, embarques médios por dia útil e investimento estimado no ciclo inicial (infraestrutura + frota):

Cidade Projeto (ID) Nome do projeto Tecnologia Extensão (km) Moradores (raio 1 km) * Embarques/dia útil ** Investimento (R$ milhões)***
Salvador 20201 Extensão do Metrô Linha 1 — Lapa–Barra Metrô 3,0 72.640 120.324 R$ 2.535 milhões
Salvador 20202 Implantação do VLT — Trecho 2 Paripe–Águas Claras e Trecho 3 Águas Claras–Piatã VLT 18,0 193.528 89.134 R$ 2.017 milhões
Salvador 20203 Implantação do VLT — Expansão Norte (Salvador–Camaçari) VLT 30,0 94.499 44.818 R$ 2.504 milhões
Salvador 20204 Extensão do VLT — Calçada–Comércio–Lapa VLT 4,8 89.446 137.210 R$ 1.061 milhões
Salvador 20205A Implantação do VLT Lauro de Freitas VLT 7,3 77.760 112.008 R$ 825 milhões
Salvador 20205B Implantação do BRT Lauro de Freitas BRT elétrico 7,3 77.760 112.008 R$ 462 milhões
Salvador 20206 Implantação do Corredor Central — Baixa do Fiscal–Terminal Rodoviária Corredor 7,1 278.295 144.463 R$ 188 milhões
Salvador 20207 Implantação do BRT Transversal — Avenida Gal Costa BRT elétrico 10,3 168.874 55.666 R$ 412 milhões
Salvador 20208A Implantação do VLT Orla — Aeroporto–Barra VLT 26,2 368.994 221.727 R$ 2.912 milhões
Salvador 20208B Implantação do BRT Orla — Aeroporto–Barra BRT elétrico 26,2 368.994 221.727 R$ 1.612 milhões
Salvador 20209 Implantação do VLT San Martin VLT 3,4 190.825 45.305 R$ 682 milhões
Observações 
* “Moradores” refere-se à população estimada em raio de 1 km ao longo do traçado do projeto;
** “Embarques/dia útil” é a média projetada de embarques por dia útil;
*** Investimentos são apresentados como valores estimados no ciclo inicial (infraestrutura + frota) e expressos em R$ milhões.  A estimativa de investimentos considera o valor total de
infraestrutura e de frota necessários para a implantação do projeto, em valores nominais referentes a  setembro de 2025.

 

“Com o estudo, o BNDES contribui com a produção de uma política pública para a formulação de uma estratégia nacional de mobilidade urbana, de longo prazo e sustentável, unindo esforços da União, dos estados, dos municípios e do Distrito Federal. O objetivo é melhorar a qualidade de vida dos brasileiros e brasileiras, com um transporte mais eficaz, menos poluidor e mais seguro”, afirma o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.

“Os projetos selecionados mostram que o Brasil está buscando se adaptar às mudanças do clima, com ações que unem sustentabilidade, mobilidade e inclusão social”, afirma o ministro das Cidades, Jader Filho. “Investir em transporte coletivo limpo é investir nas cidades e nas pessoas, para que os centros urbanos se tornem mais resilientes, com menos poluição e deslocamentos mais rápidos e seguros”, ressalta o ministro.

187 iniciativas em todo o país

O ENMU concluiu a definição de 187 projetos para ampliar as redes de transporte público coletivo de média e alta capacidade  nas 21 maiores regiões metropolitanas (RMs) do país.

Ao todo, são estimados investimentos da ordem de R$ 430 bilhões, sendo R$ 230 bilhões em metrôs, R$ 31 bilhões em trens, até R$ 105 bilhões em veículos leves sobre trilhos (VLT), até R$ 80 bilhões em BRTs e R$ 3,4 bilhões em corredores exclusivos de ônibus. A aceleração desses investimentos dependerá do modelo de financiamento adotado, sendo os investidores privados via concessões e parcerias uma ferramenta relevante.

Redução de Mortes

A implementação de todos os projetos previstos no ENMU resultará na redução estimada de 8 mil mortes em acidentes de trânsito ao até 2054 nas 21 RMs. Evitará ainda a emissão de 3,1 milhões de toneladas de CO2 por ano, equivalentes a uma absorção de carbono de uma área estimada de floresta amazônica de 6.200 km2, equivalente a 5 vezes a área do município do Rio de Janeiro.

Outros benefícios incluem a redução do custo da mobilidade urbana em cerca de 10%, considerando sistemas mais eficientes, e o aumento do acesso da sociedade a empregos, escolas, hospitais e áreas de lazer em menor tempo.

Haverá, também, a redução no tempo médio de deslocamentos nas cidades, com um impacto econômico estimado de mais de R$ 200 bilhões. Integram o estudo as seguintes RMs: Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, Santos, Campinas, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Vitória, Goiânia, Distrito Federal, Salvador, Maceió, Recife, João Pessoa, Natal, Teresina, São Luís, Fortaleza, Belém e Manaus.

A íntegra do estudo pode ser acessada aqui

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