sexta-feira, 10 outubro, 2025

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Brasil completa 10 anos sem casos de raiva humana transmitida por cães

O Brasil alcançou um marco histórico na saúde pública: dez anos sem registros de raiva humana transmitida por variantes virais típicas de cães (AgV1/AgV2). O resultado decorre de uma estratégia integrada do Sistema Único de Saúde (SUS) que combina vacinação massiva de cães e gatos, distribuição gratuita de vacinas e soros antirrábicos, resposta rápida a focos e vigilância epidemiológica fortalecida.

Entre 2023 e 2025, o Ministério da Saúde investiu cerca de R$ 231 milhões por ano em ações de imunização. O último caso humano associado a cães no País foi registrado em 2015, no Mato Grosso do Sul, na fronteira com a Bolívia; antes disso, houve ocorrência em 2013, no Maranhão.

A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Mariângela Simão, comemorou o feito.
“É com muito orgulho que celebramos 10 anos sem casos de raiva humana transmitida por cães em nosso País. Um resultado histórico, fruto de campanhas de vacinação de cães e gatos, distribuição gratuita de vacinas e soros para toda a população, e dedicação incansável dos profissionais do SUS. Enquanto o mundo ainda registra cerca de 60 mil mortes, todos os anos, por raiva canina, o Brasil já é uma referência global, mostrando que o SUS, com a estratégia ‘Uma só saúde’ é capaz de proteger a vida das pessoas e dos animais”, enfatizou.

Histórico e reconhecimento internacional

Desde 1983, com a criação do Programa Regional de Eliminação da Raiva pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), os casos na América Latina caíram 98% — de aproximadamente 300 registros em 1983 para apenas 3 em 2024. No âmbito nacional, o Brasil prepara a entrega, em 2026, de um dossiê à OPAS/OMS reunindo mais de uma década de evidências epidemiológicas para pleitear o reconhecimento formal da eliminação da raiva humana transmitida por cães.

Se validado, o Brasil será o segundo país das Américas a receber esse reconhecimento, depois do México. A conquista reforça o compromisso com a abordagem integrada conhecida como “Uma Só Saúde” — que articula ações entre saúde humana, animal e ambiental.

Riscos que permanecem e próximos passos

Especialistas alertam, porém, que a vitória não elimina ameaças vindas de outros reservatórios como morcegos e primatas não humanos, que continuam a exigir vigilância ativa. Globalmente, a raiva canina ainda causa milhares de mortes por ano, sobretudo na Ásia e na África, o que mantém a importância da cooperação internacional e da manutenção das coberturas vacinais.

A estratégia nacional inclui, além da vigilância e vacinação, a disponibilidade de soros e vacinas antirrábicas para humanos e animais, e ações de comunicação para estimular a vacinação regular de animais domésticos — medidas consideradas essenciais para a prevenção de zoonoses.

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