Mesmo sob investigação da Polícia Federal (PF) por participação em um esquema de fraudes em concursos públicos, Laís Giselly Nunes de Araújo, de 31 anos, voltou a ser aprovada em um dos certames mais concorridos do país. A pernambucana figura na lista de aprovados para o cargo de analista de controle externo do Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE-PE), cujo resultado foi divulgado nesta terça-feira (6/10) pela Fundação Getulio Vargas (FGV). A reportagem é de Mirelle Pinheiro do site Metrópoles.
O concurso oferece remuneração inicial de R$ 27.731,32, teve provas aplicadas em 7 de setembro e contou com milhares de inscritos de todo o país. A seleção exige nível superior e abrange áreas como contas públicas, obras públicas e tecnologia da informação.
Da “superaprovada” à investigada pela PF
De acordo com a reportagem, Laís Giselly é conhecida por acumular um currículo impressionante: cursos de medicina e direito em universidades federais, experiência como assistente administrativo em instituição federal de ensino e aprovação como auditor fiscal do trabalho pelo Concurso Nacional Unificado (CNU) de 2024.
Desde 2022, a PF investiga Laís em fraudes que envolvem pelo menos 14 concursos públicos. O caso ganhou destaque com o CNU 2024, quando verificou-se que o gabarito da candidata era idêntico ao de Wanderlan Limeira de Sousa, ex-policial militar apontado como líder de organização criminosa especializada na venda de aprovações em certames federais e estaduais.
A PF classifica as aprovações de Laís como “estatisticamente improváveis” e aponta “indícios fortes de participação nas fraudes”.
Conexões com a quadrilha
Segundo o Metrópoles, investigadores encontraram documentos que conectam Laís a outros integrantes do grupo. Um arquivo datado de janeiro de 2024 mencionava a aprovação de Wanderlan no concurso do Banco do Brasil, indicando que a candidata tinha conhecimento prévio das atividades criminosas do grupo.
Segundo a PF, Laís seria uma das “clientes” da quadrilha, pagando por acesso a gabaritos e esquemas fraudulentos. As autoridades rastreiam transações financeiras e comunicações entre a candidata e os líderes da organização, além de investigar se outras aprovações dela também foram obtidas de forma ilícita.