O ucraniano de 77 anos, que mora em Salvador desde os seis, adquiriu a edificação para restaurar e abrigar o acervo e os conhecimentos por ele acumulados durante as voltas que fez ao mundo e em outras viagens que já realizou.
A equipe técnica da Codesal esteve também na Fundação Aleixo Belov, que já funciona em outro imóvel próximo, e abriga salas para encontros e reuniões, contando ainda com biblioteca e recursos multimídia. A fundação funciona como um centro de pesquisa, fomento e debates sobre temas ligados ao mar.
“Ao investir na revitalização de imóveis, Belov dá o exemplo de que este é o caminho para a solução do problema dos casarões abandonados no Centro Histórico, ao contribuir para sua utilização como equipamento urbano, a exemplo de museus e espaços culturais”, elogia Sosthenes Macêdo.
Para o especialista em planejamento urbano-regional e parceiro da Codesal, Waldeck Ornelas, a iniciativa de Aleixo Belov é um caminho a ser seguido por muitos baianos que têm imenso potencial para contribuir para a restauração do esplendor do Centro Histórico. “Os empresários precisam despertar para o potencial daquela região, por sua importância na cidade”, aconselha.
Ele cita que, em muitas cidades, o sítio histórico e arquitetônico tem sido revitalizado com a participação da iniciativa privada. “Aqui, mesmo os incentivos fiscais do poder público não têm sido utilizados pelos empresários empreendedores e pelos proprietários dessas edificações”.
Belov revela que comprou o casarão de dois pavimentos com a intenção de restaurá-lo para a instalação do museu que leva seu nome e que abrigará todos os equipamentos, cartografias, documentos, além do barco Três Marias, de 7,5 toneladas, a bordo do qual realizou solitariamente três voltas ao mundo.
O veleiro foi içado por um guindaste e já se encontra em um vão no interior da edificação. “A obra civil está acelerada, mas a pandemia ocasionou alguns atrasos”, explicou, acrescentando que ainda não há data para a inauguração do museu.
Edificações – A coordenadora do Projeto Casarões e engenheira da Codesal, Rita Moraes, destaca a importância da decisão de Belov de requalificar o imóvel e transformá-lo em um espaço de visitação que será ofertado à população.
Sobre o Projeto Casarões, ela explica que visa a realização de vistorias preventivas em imóveis antigos particulares e públicos da capital baiana quando são feitas a avaliação de risco geológico ou construtivo.
“No intuito de proteger e preservar o bem-estar e garantir a proteção civil dos cidadãos, os resultados dessas avaliações são encaminhados aos proprietários, quando conhecidos, ou aos órgãos competentes para as providências de manutenção e conservação”, afirma.
Vistorias – A Codesal já cadastrou 1.310 casarões no Centro Histórico de Salvador. Deste total, 137 foram considerados de risco muito alto, 224 de risco alto, 486 de médio risco e 338 de risco baixo e 125 sem risco. Segundo o órgão, os proprietários e moradores são notificados e orientados a deixar os imóveis, quando ocupados, e realizar a recuperação das edificações. O Ipac e o Iphan também são informados sobre as condições dos imóveis localizados nas poligonais de tombamento.
As vistorias são feitas a partir de demandas dos proprietários ou de solicitações feitas por meio dos órgãos parceiros pelo telefone gratuito 199. Todas as inspeções, independentemente de o imóvel ser particular ou público, são realizadas envolvendo análise técnica, executadas por profissionais habilitados.