Conhecida como doença silenciosa, o diabetes (diabetes mellitus) pode apresentar os primeiros sintomas pela boca. A doença, que no Brasil, acomete mais de 13 milhões de casos, segundo o Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), pode levar a secura da mucosa, gengiva vermelha, halitose persistente e aftas. Pacientes diabéticos também têm maior risco de desenvolver problemas bucais.
Diabetes é uma doença causada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina, hormônio que regula a glicose no sangue e garante energia para o organismo.
De acordo com cirurgião-dentista Fábio Azevedo, o diabetes descontrolado interfere no equilíbrio da glicemia, prejudica a circulação sanguínea e reduz o fluxo salivar. A queda da saliva altera o pH da boca e diminui sua função protetora, facilitando infecções como periodontite, além de aumentar a suscetibilidade ao vírus da herpes e à cândida. “Desta forma, a cavidade bucal fica mais propensa a infecções”, completa o especialista.
A recomendação é que pessoas com diabetes mantenham visitas regulares ao dentista, pelo menos a cada seis meses e reforcem os cuidados de higiene. Alguns sinais na boca podem indicar a presença da doença ou o descontrole glicêmico.
Em quadros mais avançados, é comum a perda de dentes. A combinação de doenças periodontais, cáries e infecções acelera o processo. Aftas e machucados recorrentes também chamam atenção. A má cicatrização, a circulação prejudicada e a disfunção das células de defesa tornam a cavidade oral mais vulnerável. “A boca seca e os altos níveis de glicose fazem com que machucados e aftas sejam mais comuns entre diabéticos”, reforça Azevedo.
Confira com atenção os cinco sinais de diabetes que se manifestam na boca:
– Gengiva vermelha e sensível: a alta taxa de glicose no sangue facilita para que a boca fique mais vulnerável ao crescimento de bactérias, surgindo, assim, a periodontite. “Em um primeiro momento, a proliferação destes microrganismos deixa as gengivas vermelhas, sensíveis, doloridas e inchadas, podendo haver até sangramento ao escovar”, explica o especialista, acrescentando, ainda, que a presença constante de periodontite, quando não tratada, leva à degradação dos tecidos da boca (gengiva e mucosa alveolar), e pode também contribuir para aumento da resistência à insulina, agravando o quadro da doença.
– Boca seca: também conhecida como Xerostomia, a secura da boca decorre da menor produção de saliva, a partir do aumento de açúcar no sangue. “A boca seca afeta a capacidade de engolir e, até mesmo, altera o paladar”, explica Azevedo. “
Vale lembrar que a saliva ajuda a retirar as partículas de alimentos e bactérias dos dentes, neutralizando os ácidos da boca, o que auxilia na prevenção das cáries e da gengivite, além de contribuir para afastar infecções por fungos como cândida”, completa o especialista. Portanto, ao menor sinal de boca seca, é importante correr no dentista.
– Mau hálito: o chamado hálito cetônico, de quem tem diabetes, aparece quando a doença está descontrolada, quando os níveis de glicose estão muito altos ou muito baixos. “Nesta condição, o paciente apresenta um odor na boca semelhante a frutas envelhecidas”, enfatiza o dentista. “O problema começa quando o organismo passa a armazenar energia, em resposta à falta de glicose. Quando a queima da gordura armazenada ocorre, para dar conta do funcionamento do organismo, este processo recebe o nome de cetose, sendo que o mau cheiro característico da boca é liberado pela respiração”, explica Azevedo.
– Perda de dentes: a maior propensão de doenças periodontais, cáries e outras infecções faz com que a perda de dentes seja mais comum em casos onde a diabetes está descontrolada. “O processo começa com gengivas inchadas e sangramentos recorrentes. Se nenhuma providência for tomada, o problema evolui e a gengiva vai ficando mais retraída, até que a infecção progride e reabsorve o osso ao redor do dente”, explica Azevedo. “Por isso, ao menor sinal, é importante procurar um dentista para buscar um tratamento, além de fazer a higiene bucal muito bem feita”, recomenda o especialista.
– Aftas e machucados: a boca seca e os altos níveis de glicose fazem com que machucados e aftas na cavidade oral sejam mais comuns entre diabéticos – sobretudo quando o quadro está descompensado. “O problema acontece em virtude da má cicatrização na cavidade oral, má circulação e disfunção das células de defesa do organismo, além da maior presença de bactérias na gengiva”, alerta Azevedo.
