Sosthenes Macêdo alega que fenômenos extremos se tornam tendência mundial por descuidos com o meio ambiente
Tragédias frutos de fenômenos naturais marcaram o ano de 2021. Para o diretor geral da Defesa Civil de Salvador (Codesal), Sosthenes Macêdo, trabalhos de contenção têm sido feitos, mas não há como efetivamente lidar com parte desses problemas se o tema meio ambiente não for debatido a nível global. “A gente tem observado que esses fenômenos continuarão acontecendo enquanto as matas estiverem sendo devastadas, acabadas, sem nenhum tipo de controle, regulamentação formal do Estado, para que nós tenhamos mais segurança ambiental no futuro próximo”, disse Sosthenes Macêdo em entrevista ao Isso É Bahia, da Rádio A TARDE FM, nesta segunda-feira, 3.
O diretor geral exaltou o trabalho da Codesal e alega que o próprio órgão municipal colabora de sua maneira internamente, ao cortar o uso de papel há um ano, a não ser os documentos de despacho, e cortar copos plásticos há dois anos, além de promover reciclagem. “Muitas vezes as obras de infra são realizadas nessas localidades [de risco], mas aparecem novos pontos, novas ocupações de forma irregular que o poder público não tem braço para dar resposta de imediato a essas necessidades”. Para Sosthenes, esse é um problema comum das cidades grandes do país de maneira geral, mas que o possível tem sido feito para minimizar danos na capital baiana, o que não havia sido feito, segundo ele, em gestões anteriores à gestão de ACM Neto. “Bruno Reis diz que nos últimos nove anos foram feitas mais contenções de encosta do que em toda a história da cidade. Trezentas áreas protegidas, você nunca viu isso em tão pouco espaço de tempo. Muito tempo se passou sem ação concreta”.
Perguntado se um dia a capital baiana poderá ter resolvida a questão de segurança nas áreas que atualmente são de risco, o diretor geral alegou que essa não é uma questão fácil de ser tratada, pois envolve contexto histórico. “Você me pergunta ‘isso pode ser resolvido em definitivo?’, eu não saberia lhe afirmar, visto que Salvador, por características próprias, embora tenha iniciado com planejamento [em 1549], não teve sua construção de forma planejada ao longo dos séculos”.
A equipe da Codesal, para Sosthenes Macêdo, está preparada para cumprir as demandas que surgem com o aumento de chuvas, com equipe formada com engenheiros ambientais, engenheiros civis, meteorologistas, arquitetos e agrônomos, mas ainda assim alegou que 2021 surpreendeu até mesmo meteorologistas. “Exceto maio, que geralmente é um mês chuvoso e que em 2021 não foi, o que jogou a curva para baixo [de média anual de chuva], todos os meses do ano bateram recorde. Novembro foi o novembro que mais choveu nos últimos dez anos. Este foi o dezembro que mais choveu nos últimos 32 anos”.