A Anvisa aprovou nesta quarta-feira (26) as condições de segurança e eficácia da vacina contra dengue produzida pelo Instituto Butantan, o primeiro imunizante desenvolvido 100% no Brasil. Com o aval, o Ministério da Saúde iniciará o processo de inclusão da vacina no calendário nacional do SUS.
Aplicada em dose única, a vacina utiliza tecnologia de vírus vivo atenuado, método já usado em outros imunizantes. Nos estudos clínicos, apresentou eficácia global de 74,4% entre pessoas de 12 a 59 anos. Isso significa que cerca de 74% dos casos da doença foram evitados entre indivíduos vacinados.
Os dados publicados na revista The Lancet Infectious Diseases apontam 89% de proteção contra formas graves e quadros com sinais de alarme. No estudo com 16 mil participantes, os casos graves foram raros e não exigiram hospitalização.
A Anvisa liberou o uso para a faixa etária entre 12 e 59 anos, mas o público poderá ser ampliado após novos estudos. A expectativa do Ministério da Saúde é expandir o acesso a partir de 2026. A produção da vacina foi viabilizada por meio de parceria com a empresa chinesa WuXi Vaccines, garantindo transferência de tecnologia e ampliando a capacidade nacional de inovação.
O imunizante protege contra os quatro sorotipos da dengue, uma diferença importante em relação às vacinas importadas aplicadas hoje no país. Desde o início da estratégia, o Ministério distribuiu doses para 2,7 mil municípios, somando mais de 7,4 milhões de aplicações no público prioritário. Para 2026, já estão garantidas 9 milhões de doses da vacina hoje usada — aplicada em duas unidades para quem tem entre 10 e 14 anos — e outras 9 milhões para 2027.
Em Patos de Minas (MG), a chegada da vacina foi decisiva para moradores como Dersuita Soares, que vacinou o filho, Gabriel Estevão, de 13 anos. “Sempre priorizei a vacinação dos meus dois filhos, e mantenho o cartão de vacinação deles sempre atualizado, e com a vacina da dengue não seria diferente”, afirmou.
Mesmo com a redução de 75% nos casos de dengue em 2025, o Ministério da Saúde reforça que o combate ao Aedes aegypti deve continuar. Até outubro, o país registrou 1,6 milhão de casos prováveis — queda de 75% em relação ao mesmo período de 2024. São Paulo concentra 55% das ocorrências, seguido por Minas Gerais (9,8%), Paraná (6,6%), Goiás (5,9%) e Rio Grande do Sul (5,2%). Também houve redução de 72% nos óbitos, que somaram 1,6 mil até outubro.
