quinta-feira, 28 março, 2024

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Estaleiro no Bonfim funciona normalmente após incêndio

No total 30 embarcações foram queimadas no incidente

Donos de lanchas, jet-skis e barcos que mantêm as embarcações na Marina do Bonfim, na Cidade Baixa, e não tiveram os equipamentos afetados pelo incêndio, começam a retomar a rotina após o fogo ter destruído 30 lanchas no local. A Defesa Civil de Salvador (Codesal) informou que o espaço terá que ser reconstruído.

As carcaças das embarcações queimadas continuam divindo o estaleiro com as que conseguiram ser salvas. Elas estão isoladas ao fundo, em uma área interditada pela Codesal. O aposentado Jorge Ubiraci, 61 anos, é um dos que retomou a rotina. “Continuo trabalhando no meu barco. Pra mim está tudo normal”. Já o soldador Edson Ramos, 51, que teve a casa invadida pelo fogo, ainda tem com o que se preocupar. Parte da laje da residência cedeu, as paredes ficaram pretas e os azulejos racharam. A Codesal pediu a demolição de parte da laje afetada.

 “Pra mim foi dramático demais. Ver as lanchas se acabando e o fogo invadindo aqui… E meu medo era passar pra casa de minha mãe, que fica aí do lado”, contou Edson. No momento do incêndio, ele, o filho e a esposa não estavam em casa.

Parte da laje da casa de Edson Ramos cedeu com a invasão do fogo (Foto: Pedro Vilas Boas/CORREIO)

Edson e o filho não se encarregaram apenas de resolver o próprio problema, mas também se prontificaram a ajudar na retirada das embarcações do estaleiro. “A Marina é um meio de sustento nosso também, porque ela passa serviço pra gente aqui do lado”, justifica. Eles são donos de uma oficina que fica no primeiro andar da casa.

De acordo com o funcionário do estaleiro Carlos Antônio, 27 das embarcações queimadas sofreram perda total com o fogo. Apenas 13 do total de embarcações hospedadas na Marina possuíam seguro próprio. O espaço dispõe de seguro apenas para danos no imóvel.

“Momentos de pânico”

A agente domiciliar Marinalva Guimarães, 45, que mora próximo à Marina, conta que hoje está mais tranquila, mas no dia viveu “momentos de pânico”, como ela mesmo descreve. “As paredes da minha casa ficaram todas pretas, minha cortina e sofá também. Eu fechei tudo, mas quando voltei tava tudo cheio de pó. Meu filho de 8 anos teve dor de cabeça a noite toda”, lembra. Ela mora com três filhos e o marido.

Dalmiro Magalhães, 49, dono de uma das lanchas que não foi afetada pelas chamas também se recorda do dia com tristeza. “No mundo náutico existe uma união muito grande. A gente fica muito sentido com as pessoas. Existe uma cumplicidade muito grande. O sentimento agora é uma mistura de agradecimento por não ter sido afetado, mais de tristeza pelas que foram”, explica o bancário, enquanto olha o estrago causado pelo fogo nas embarcações.

A lancha que teria começado o incêndio foi identificada como Santinha 3 (Foto: Pedro Vilas Boas/CORREIO)

Perícia

A assessoria da Polícia Civil informou que os donos das embarcações estão sendo ouvidos desde a sexta-feira (23). A linha de investigação aponta que o incêndio teria começado com um curto-circuito no ar-condicionado de uma das lanchas guardados na Marina, chamada de Santinha 3.

“Conversei com um dos funcionários. Ele disse que na hora um equipamento estava ligado, mas não soube dizer que equipamento era este e qual serviço era feito na hora”, declarou o perito criminal Marcos Almeida, do DPT, após análise no estaleiro no dia do incêndio.

“Cada coluna tem um ponto de energia, onde se costumava carregar algumas baterias das embarcações. Mas tudo isso será esclarecido com o laudo pericial”, complementou Almeida, sem dar mais detalhes do caso”.

Entenda o caso

O incêndio na Marina do Bonfim começou por volta das 12h30 de quinta-feira (22). As chamas se espalharam com facilidade e moradores tentaram conter o fogo enquanto aguardavam a chegada dos Bombeiros.

Foram 30 embarcações queimadas, sendo 27 com perda total. A administradora da Marina, Flora Franco, assegurou que o estabelecimento tinha seguro, mas não quis comentar o assunto com a reportagem.

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