A Prefeitura de Salvador e o Senai Cimatec apresentaram, nesta terça-feira (14), um estudo inédito que propõe a criação do Complexo Econômico e Industrial da Saúde (CEIS) na capital baiana, com objetivo de fomentar emprego, renda e atrair hospitais, centros de pesquisa e fábricas do setor.
O levantamento, contratado pela gestão municipal, traça potencialidades e desafios da cidade para estruturar a saúde como vetor econômico e sugere políticas públicas e estratégias para estimular investimento privado e parcerias com a academia.
A apresentação aconteceu durante workshop no Centro de Eventos do Senai Cimatec, na Avenida Orlando Gomes, e reuniu o prefeito Bruno Reis (União Brasil), a secretária de Desenvolvimento Econômico, Emprego e Renda (Semdec), Mila Paes, o titular da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Rodrigo Alves, além de autoridades estaduais e federais.
Para Bruno Reis, a iniciativa integra a política da prefeitura de diversificar segmentos econômicos.
“Por isso, fomos buscar essa parceria com o segmento privado, com a universidade, com os especialistas da área: para que a gente identificasse tudo o que podemos fazer a mais do que estamos fazendo. Queremos entender o que pode ser oferecido nas áreas de tecnologia, de pesquisa e de inovação para que a gente estruture uma cadeia produtiva que seja um grande diferencial de competitividade de Salvador e da Bahia em relação a outras cidades e outros estados”.
O prefeito disse ainda que Salvador tem “um imenso apetite” para atrair investimentos públicos e privados e usará mecanismos como incentivos fiscais e compras públicas para estimular produção local: “E eu asseguro a vocês que nós temos um imenso apetite para isso. Não só para estimular com mais investimentos públicos as áreas que possam receber segmentos dessa cadeia produtiva, como também com estímulos e incentivos fiscais. Além disso, com um grande diferencial que a gente tem, que é o poder das compras públicas para estimular o que venha a ser produzido na nossa cidade e no nosso estado”.
O estudo aponta que Salvador recebeu R$ 583 milhões em investimentos públicos no setor de saúde nos últimos anos, com a criação de unidades como o Hospital Municipal (HMS), o Hospital do Homem (HMH) e o Hospital Maternidade e da Criança (HMC). Segundo o levantamento, os estabelecimentos ligados à saúde cresceram 35,8% entre 2010 e 2022, e a participação do setor público subiu de 8% para 10,6% no período.
Segundo Mila Paes, que acompanhou o trabalho iniciado há quase dois anos com o Senai Cimatec, o CEIS deverá priorizar tecnologia da comunicação, atração de centros de pesquisa e a integração entre inovação, assistência e ensino. “A grande conclusão do estudo é de que a criação de um cluster de saúde em Salvador tem como foco, como referência, a inovação, a assistência e o ensino. Essa integração do poder público, do privado e da academia é fundamental para que a gente possa impulsionar esse complexo”, afirmou.
Mila também explicou que a proposta não é apenas erguer um parque físico, mas articular e canalizar investimentos: “Criar o CIES não é inventar a roda, é fomentar aquilo que a gente já tem, canalizar o investimento, dar acesso ao recurso. Trazer uma articulação maior entre os atores, e não necessariamente uma construção física de um parque. É basicamente fomentar a articulação com foco em inovação, em assistência e na formação em si. Acho que esse é o grande olhar, o grande resultado desse estudo”.
O titular da SMS, Rodrigo Alves, destacou que o CEIS representa “uma nova forma de pensar o sistema de saúde que une inovação, produção científica e gestão pública” e que Salvador tem capacidade técnica e estrutura para assumir papel regional: “O CEIS coloca a saúde como motor de desenvolvimento econômico e social, e Salvador tem um papel importante nesse movimento, com sua rede estruturada, capacidade técnica e potencial de articulação regional”.
O diretor-geral do Senai Cimatec, Leone Peter, ressaltou o alcance estratégico do estudo: “É um estudo muito interessante, com enorme potencial para nossa cidade, e totalmente conectado com as necessidades e estratégias nacionais. Principalmente levando-se em consideração que o Brasil tem o SUS, o maior sistema público unificado do mundo, e que somos o maior comprador individual de saúde do mundo. A gente enxerga que esse estudo vai contribuir para o desenvolvimento da nossa região, além de atender a essa demanda do país”.
O workshop contou também com representantes do Ministério da Saúde, da Finep, da Embrapii, do BNDES e da Bahiafarma, entre outros atores do ecossistema de fomento e inovação.