quarta-feira, 9 outubro, 2024

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Feira de São Joaquim vive situação de contraste

Quem transita pela Feira de São Joaquim, em Salvador, facilmente percebe duas feiras diferentes no mesmo local. E elas não estão separadas por muros ou sinalizações. Estão ali, lado a lado, a um passo de distância.

Na manhã deste domingo, 4, a equipe de reportagem de A TARDE esteve no local. De um lado, na chamada feira antiga, o quadro é de preocupação e pessimismo. Do outro, o lado que foi revitalizado pela Companhia de Desenvolvimento Urbano da Bahia (Conder), alívio e esperança.

Desequilíbrio

Há 30 anos o comerciante Luiz Mário, 68, trabalha na feira. Para ele, após a reforma que foi realizada apenas em uma parte da feira, gerou-se um desequilíbrio no fluxo de pessoas, pois, agora, a maioria delas frequenta mais o lado que foi revitalizado. Na barraca, Luiz vende cigarro, mel, charuto, fumo-de-corda, entre outros.

“As vendas caíram bastante. Aqui, só consigo tirar o dinheiro do pão. Além disso, hoje, há vários mercados nos bairros e em outros pontos da cidade. Muitas pessoas deixaram de vir para a feira de São Joaquim”, lamenta Mário.

A ideia é compartilhada pelo feirante Rafael Oliveira, 35, que há 18 anos vende frutas e legumes no local. Segundo ele, os atrativos musicais da parte da feira que foi revitalizada também é um fator que contribui para a migração dos consumidores.

“As vendas só fazem cair. Mesmo aos sábados quando o fluxo de pessoas é maior, o lucro é muito baixo. As pessoas também avaliam a estética do ambiente. Do outro lado, as condições são bem melhores. Há maior ventilação, bares, samba todos os domingos, o cheiro é menos forte e há maior higienização”, explica Rafael.

Segundo o presidente do Sindicato dos Vendedores Ambulantes e Feirantes de Salvador, Nilton Ávila, a prioridade é dialogar junto ao estado para que a promessa de revitalizar a feira por completo seja cumprida.

“Sabemos que os companheiros do outro lado (antiga feira) estão sofrendo. A reforma total estava prevista para final de 2014. A parte revitalizada era para ser feita em um prazo de 8 a 12 meses, levou 5 anos (2012 a 2016). A nossa luta é para que o estado reinicie as obras de revitalização da feira”, diz Nílton.

Segundo ele, a feira possui, em média, 8 mil feirantes que trabalham diretamente no local, em uma área de 39 mil metros quadrados. Desse total, apenas 25% foi reformado.

O feirante Mairo Martins, 55, nunca teve outro trabalho senão a venda de coentro, hortaliça, cebola, alface e folhas de banho. Do comércio, onde trabalha há 40 anos, ele tira o sustento da família e ainda contribui nas finanças dos dois filhos que estudam na Europa.

“Após a revitalização, as vendas estão bem melhores. Melhorou 100%. Ficou mais limpo, arejado, há mais segurança. É um ambiente mais agradável”, destaca.

A Tarde tentou entrar em contato com a Conder, órgão responsável pela obra na feira de São Joaquim, mas até o final desta edição não obteve retorno.

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