sexta-feira, 22 novembro, 2024

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Financie sua energia solar: é possível subsidiar até 100% do projeto

A instalação de um sistema de microgeração residencial custa, em média, R$ 15 mil

O desejo de gerar energia solar através do próprio telhado de casa, economizar na conta de luz e ainda contribuir com o meio ambiente está mais próximo dos baianos desde a primeira semana de abril, quando o governo federal anunciou em Brasília a liberação do financiamento do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE Sol) para pessoas físicas e jurídicas. Operados pelo Banco do Nordeste, os recursos da ordem de 3,2 bilhões são voltados para financiar a instalação de placas fotovoltaicas (que convertem a energia do sol em eletricidade) em residências e estabelecimentos comerciais nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país.

Com a facilitação de acesso ao financiamento, o que inclui juros abaixo das taxas praticadas pelo mercado e prazo maior para pagamento, o governo espera que cresça o número de pessoas que geram a própria energia. A expectativa do Ministério da Integração Nacional é que sejam realizadas pelo menos 10 mil operações, ainda este ano.

O presidente do Banco do Nordeste, Romildo Rolim, destaca que essa ampliação do FNE Sol, que já contemplava pessoas jurídicas e empreendedores rurais, beneficiará milhares de famílias em toda a região. “O BNB já investiu mais de R$ 65 milhões para a micro e minigeração de energia. Estamos preparados para financiar todas as pessoas interessadas na aquisição dessa moderna tecnologia de energia limpa ”.

Para o presidente-executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Sauaia, a iniciativa do governo federal é relevante para o setor, uma vez que o acesso ao crédito é o grande gargalo para o avanço da energia solar no país. “Contribui diretamente na redução dos gastos com energia elétrica, geração de empregos de qualidade e com a sustentabilidade ambiental, por ser uma energia limpa”, observa.

Embora seja um país tropical dotado de sol em abundância, atualmente menos de 30 mil unidades consumidoras de energia elétrica, dentre as 82 milhões existentes no Brasil, podem gerar energia solar fotovoltaica – número que corresponde a apenas 0,04% do total.

Moradora dos Barris, a médica veterinária Maria das Graças Almeida afirma que instalaria as placas solares em casa, caso tivesse condição financeira. “Se pudesse eu faria. Inclusive já tive na fazenda de minha família, em Milagres [cidade do Centro-Sul baiano, a 230 km de Salvador], com empréstimo do BNB, mas roubaram tudo: placa, bateria e fios”, lamenta.

Investimento

Hoje, o investimento médio para a instalação das placas em uma residência é de cerca de R$ 15 mil. A boa notícia é que esse valor pode ser recuperado em, aproximadamente, cinco anos – a tecnologia tem vida útil de 25 anos. “O financiamento é muito importante justamente porque nem todo o brasileiro tem esse recurso disponível para investir”, reforça o presidente da Absolar.

Além do Banco do Nordeste, outras instituições financeiras também disponibilizam financiamento para quem deseja instalar energia solar para pessoas físicas e jurídicas. Entre elas estão: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Caixa Econômica Federal, Santander e Sicredi. Nos sites desses bancos é possível fazer uma simulação dos juros e prazos do empréstimo.

Condições

A linha de crédito do FNE Solar voltada a pessoas físicas possibilita financiamento de até 100% do projeto; prazo de até 72 meses; e carência de até 6 meses. O CORREIO Sustentabilidade realizou a seguinte simulação no site do Banco do Nordeste (https://www.bnb.gov.br/simuladores/energiarenovavel):

Valor do equipamento solar fotovoltaico

R$ 15.000,00;

Pedido de financiamento

 

R$ 15.000,00

Meses de carência

 

6

Número de prestações

 

24

Taxa de juros

 

3,21%

Valor da prestação

 

R$ 1.094,94

Custo efetivo da operação  R$ 26.278,56

Também é possível gerar energia eólica em residências

Se engana quem imagina que não seja possível gerar energia eólica em casa também. Os micro (até 75 kW) e minigeradores (de 75 kW a 5 MW) são sistemas de geração elétrica a partir da força dos ventos com potência suficiente para produzir eletricidade para o abastecimento de pequenos consumidores, como casas, comércios ou, até mesmo, um galpão de uma indústria ou fazenda.

A exemplo do que ocorre com os painéis solares, esses equipamentos também proporcionam economia na conta de luz e benefícios ambientais, uma vez que o vento é fonte renovável. Na Bahia, a Invente Eólica, com sede em Camaçari, fabrica o sistema. “Desenvolvo rotores de eixo vertical [que rodam de forma semelhante a um peão], cuja base é a fibra de vidro. Os demais componentes, como as enzimas, eu compro dos Estados Unidos e da China”, explica o pesquisador Carlos Cardoso, dono da empresa.

O empreendedor observa que basta a residência ser privilegiada em relação a vento e que o investimento é viável.

“Só não dá para instalar em uma região de subsolo. Basta ter boa frequência de vento, o que é muito comum na Bahia, em razão do mar. A partir de R$ 2.000,00 já é possível adquirir um microgerador de 1 kW. Com dois microgeradores (total de 2 kW = R$ 4.000,00) dá para atender ao consumo de uma família de classe média – casal com dois filhos”, exemplifica.

Como ocorre com a microgeração solar fotovoltaica, o sistema eólico de pequeno porte também permite injetar a energia gerada na rede da concessionária por meio de um conversor. Quando não há vento, portanto, a casa segue com eletricidade. O excedente do que é produzido é transformado em créditos na conta de luz, que podem ser utilizados em até 60 dias. Contudo, o financiamento para pessoa física ainda não foi liberado quanto a esse tipo de geração. “Só é aconselhável utilizar o chuveiro elétrico com moderação, porque é o vilão do consumo e da bateria”, sugere Carlos Cardoso.

Conheça 5 passos para instalar energia solar em casa: 

1) Fornecer os dados básicos descritos na conta de luz (endereço, consumo médio, etc) à Coelba; 

2) Visita técnica da empresa que vai instalar o sistema (quando necessário);

3) Investimento a partir de R$ 12 mil a R$ 15 mil. O sistema mais completo e potente custa cerca de R$ 25 mil (valor estimado para um casal que consome cerca de 5 mil watts por ano, cerca de R$ 430 mensais); 

4) Uma vez comprado o sistema, o consumidor procura a concessionária de energia local e preenche um formulário com alguns dados. Algumas empresas instaladoras realizam esse serviço para o cliente;

5) Depois de instalado o sistema é preciso trocar o relógio de consumo. O novo aparelho, instalado pela Coelba (no caso da Bahia) não traz custo adicional para consumidores residenciais e será bidirecional – ele registrará a energia que entra e a que sai. A partir daí a pessoa passa a receber créditos energéticos pela energia que gera a mais e paga apenas a diferença em relação ao que consumiu. Caso consiga produzir 100% da energia consumida, pagará somente um custo de disponibilidade, uma taxa em torno de R$ 60.

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