quarta-feira, 24 abril, 2024

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Grupo Vitorinas é exemplo de empreendedorismo das mulheres rurais baianas

Mulheres de raízes fortes e doces sonhos! Essas são as Vitorinas, grupo formado por 51 mulheres que, juntas, compõem a Cooperativa de Produção e Comercialização da Agricultura Familiar do Sudoeste da Bahia (Cooproaf), no município de Manoel Vitorino, no sudoeste do estado.
Dados de pesquisa da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMRA), realizada em 2017, revelam que uma em cada três propriedades rurais do país tem mulheres ocupando funções de comando. Nas pequenas propriedades, 39% são lideradas por mulheres.
As Vitorinas são um dos exemplos de histórias bem-sucedidas de mulheres rurais baianas. A partir da inquietação de ver parar na mão de atravessadores o trabalho de agricultores, um grupo (formado apenas por três mulheres) resolveu aproveitar o potencial de produção de umbu da região.
A presidente da Cooproaf, Marilda Santos, conta que, em 2006, ela e mais duas agricultoras começaram a beneficiar o produto e produzir doces para as cantinas das escolas. “Em 2010, depois de algumas capacitações e muita luta, fundamos a cooperativa que, hoje, é referência na região e temos muito orgulho de ser uma entidade que é espelho para as outras entidades”.
A Cooproaf está organizada em torno da produção e comercialização de derivados de frutas nativas da caatinga, principalmente o umbu. O doce ‘nego bom’ de umbu é o carro-chefe da marca Imbuíra, produzida pela cooperativa, que tem ainda geleias, doces e compotas no mix de produtos.
Raízes fortes
Segundo Marilda, Vitorinas foi o nome sugerido pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), que vem apoiando as ações para fortalecimento da cooperativa. “O nome ´Vitorinas, mulheres de raízes fortes e doces sonhos’, foi em homenagem às mulheres que começaram esse trabalho”.
As ganham cada vez mais espaço e a presença feminina nas propriedades rurais é notória, comenta Marilda. “Mas um trabalho feito por mulheres é bem difícil, pois ainda vivemos em uma sociedade machista e não foi fácil chegar onde a gente chegou. Foram muitos desafios. O cenário era triste para mulheres, pretas e pobres. Recebíamos nomes de loucas, que não iria dar certo, mas estamos vendo tudo que tem acontecido com a Cooproaf”.
Marilda é agricultura familiar, mulher rural e está à frente de umas das cooperativas mais bem-sucedidas do Território Médio Rio das Contas. “Ser presidente dessa cooperativa é uma mistura de sentimentos, de conquistas, de conseguir um espaço que é nosso, de mulheres, de sair da mesmice, de conhecimento que a gente não tinha e que hoje temos e dinheiro nenhum paga isso”, desabafa.

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