Igor Kannário, 36 anos, um dos cantores mais populares da Bahia, pegou os fãs de surpresa nesta sexta-feira (29/01) ao divulgar em suas redes sociais o vídeo-documentário ‘Kannário por Kannário – A história real’, onde detalha toda sua trajetória artística. O baiano de Salvador, filho da Liberdade Linha 8, abre o coração em uma entrevista de mais de uma hora. Ele fala sobre drogas, polêmicas, laranjadas, falcatruas, preconceitos e superação.
O artista passou por vários grupos musicais, entre eles Patrulha do Samba e a A Bronkka, banda que criou e fundou, mas acabou sendo enganado e vítima de “falcatruas”, conforme revelou. Entre os seus sucessos ao longo da carreira, “Vizinho conspirão”, “Quero é prova e 1 real de big big”, “Você tá na minha mira” e “Tudo nosso, nada deles”.
“A música é minha alma, minha sombra. A música sou eu, eu sou a música”, diz o artista no vídeo, que traz momentos emocionantes e também polêmicos. Kannário fala sobre a maior pipoca do mundo, que saiu pela primeira vez em 2012, quando mais de um milhão de pessoas o seguiram no Circuito Osmar, no Carnaval de Salvador. Critica o prêmio Trófeu Dodô & Osmar, que já foi alvo de diversas críticas e questionamentos sobre a metodologia e motivação para decidir o vencedor.
Um dos momentos mais tensos do bate-papo é quando, pela primeira vez, ele falou sobre a luta contra as drogas e revelou como foi sua prisão “abusiva”, de acordo com a decisão do juiz responsável pelo caso, que aconteceu em janeiro de 2015. Kannário afirma que foi abordado por duas viaturas da 37ª CIPM.
“Eu só tinha lá um ‘beque’ e botaram um bocado de droga. Passei um dia de trevas e no outro dia eu fui parar lá no presídio”, lembra o artista que ficou numa “cela com 17 cabeças” e sustenta que nunca se envolveu na criminalidade: “Eu driblei tudo isso”.
“Achei que minha carreira tinha acabado e que minha vida tinha acabado. Eu sabia que o sistema fava chateado comigo e queria me banir”, acrescenta, que em seguida fala sobre o momento que chegou no presídio.
“Os caras falaram: ‘rapaz, é o Kannário mesmo’. Aí um cara falou: ‘porra meu pivete, seu lugar não é aqui, não. Armaram pra você’. ‘Eu falei: vou fazer o que, mano’. Todas as celas começaram a cantar minha música. Pense num presídio: ‘tudo nosso, nada deles’”.
“A minha música é para todo tipo de gente…Todo tipo de gente ali e todo tipo de gente gritando por um cara que não é ladrão, que não é traficante, que nunca se envolveu com o tráfico. Então ali foi que eu vim entender porque a galera me chamava de Princípe do Gueto. Foi ali que eu vim entender. Eu tinha respaldo na favela toda e não sabia”, vibrou.
“Foi um mal que veio para bem. O juiz disse que a prisão foi abusiva e não tinha porque eu descer diretamente (pro presídio) e que teve falcatrua na prisão. Eu sai 7 da noite e no outro dia eu estava estourado no mundo inteiro”, disparou.
Kannário também falou sobre como Deus agiu em sua vida e incentivou os mais jovens. “Favela vencendo de 20 em 20 segundo. Pra cima porque foguete não dá ré”. Por fim, também falou sobre os novos projetos Kannário versões” e “Kannário eletronizando as ruas”. Assista abaixo ao vídeo: