Internautas cobraram responsabilização dos culpados nos comentários da nota de esclarecimento publicada pela prefeitura da cidade nas redes sociais
Os moradores de Santo Amaro, no Recôncavo Baiano, se manifestaram na internet depois de tomarem conhecimento de que o corpo de um bebê prematuro foi jogado no lixo após morrer na sexta-feira (19), na Casa de Parto do Hospital Municipal Nossa Senhora da Natividade, unidade de saúde do local. Na nota de esclarecimento da Prefeitura, publicada nas redes sociais neste domingo (21), mais de 380 comentários foram feitos em tom de indignação.
“A incompetência reina, nesse meio aí. Injustificável, e ponto. O despreparo desse pessoal é tão gritante, que esse é só mais um dos absurdos que já aconteceram. Quando vocês entenderam que política não é só benefício próprio? Quantas mais mil famílias da nossa cidade vão precisar sofrer por causa desse descaso e falta de responsabilidade?”, questionou uma internauta.
Outro morador se mostrou inconformado com a capacidade de confundir o corpo de um bebê com um resíduo. “Descarte acidental? Difícil confundir um corpo com outros resíduos. Queremos, além da apuração do caso, medidas efetivas na capacitação dos profissionais de saúde, bem como indiciamento dos responsáveis. Isso cabe indenização a família do RN”, ressaltou.
De acordo com a nota, a gestante deu entrada, na quinta-feira (18), na unidade de saúde em avançado trabalho de parto prematuro, com 29 semanas de gestação. O bebê nasceu de parto normal, com 1,2kg e com dificuldades respiratórias. Houve cinco horas de investimento em estabilização e ressuscitação, mas o recém-nascido veio a óbito às 15h40 de sexta-feira.
“Constatado o falecimento, a equipe multidisciplinar ofereceu, dentro dos trâmites legais e formais, apoio à família, sobretudo à mãe do RN. O serviço funeral foi acionado, informando que o corpo seria liberado no primeiro horário do dia seguinte. No entanto, houve um lamentável equívoco, resultando no descarte acidental do corpo”, diz trecho do enunciado.
Após apuração, uma força-tarefa foi criada e o corpo do bebê foi resgatado no aterro sanitário de São Francisco do Conde, segundo a Polícia Civil. Os profissionais envolvidos na situação foram afastados temporariamente e uma sindicância foi instaurada para apurar as responsabilidades.
Oferta de emprego
Conforme relato de moradores ouvidos pela reportagem, a Prefeitura de Santo Amaro teria entrado em contato com a família da mãe do bebê, que vive no distrito de Acupe, em Santo Amaro. Por saber que a mulher pertence a uma família de baixa renda e evangélica, representantes municipais teriam oferecido emprego para membros da igreja frequentada por ela e até para alguns integrantes da família, no intuito de evitar que a história fosse disseminada.
O CORREIO procurou a Prefeitura para saber se a informação era pertinente. A princípio, foi enviada a mesma nota já publicada nas redes sociais, onde a gestão municipal de Santo Amaro deixa claro que prestou apoio à família, mas não respondia sobre oferta de emprego para pessoas da família da vítima ou terceiros ligados a ela.
Um segundo pronunciamento, por meio da assessoria da Prefeitura, declarou que “não procede” que o oferecimento do emprego seria uma forma de desencorajar a família a falar sobre o ocorrido.
*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo