O movimento negro enviou uma carta ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), cobrando a nomeação de uma pessoa negra para ocupar a vaga deixada pelo ministro Luís Roberto Barroso, que se aposentará do Supremo Tribunal Federal (STF) nos próximos dias. A manifestação ocorre diante da possível indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, para a Corte. A informação é da coluna de Lauro Jardim, do jornal O Globo.
No documento, o presidente da Educafro, organização voltada à inclusão educacional e social da população negra, propôs um jantar no Palácio da Alvorada com dez mulheres e dez homens negros. A sugestão responde à crítica recorrente de que Lula costuma escolher para o STF apenas pessoas consideradas “próximas” a ele.
“ Como poderemos ser próximos se a exclusão (até para jantar), por parte da esquerda, é cruel? Quantos negros/as Lula já convidou para jantar com ele no Alvorada?”, questiona o movimento na carta.
O grupo também destacou que há diversos juristas negros qualificados e habilitados para ocupar o cargo de ministro do Supremo. No texto, os integrantes afirmam estar “cansados de ser importantes apenas para dar voto ao PT” e classificam a postura do governo como “preocupante”.
“Que a direita seja cruel e exclua a população afro-brasileira é até esperado. Ver a esquerda fazer poucos esforços para incluir essa população no seu ciclo de amizade é preocupante”, finaliza o documento.
O debate sobre representatividade racial nas instituições de poder, especialmente no Judiciário, tem sido constante nos últimos anos. Desde a criação do STF, em 1891, apenas três ministros negros integraram a Corte: Ribeiro da Costa, Pedro Lessa e Joaquim Barbosa, este último nomeado em 2003, também por Lula.
Atualmente, movimentos sociais e entidades do campo jurídico defendem que a nova indicação ao Supremo seja usada como um marco de reparação histórica e compromisso com a diversidade racial no país.