O Ministério Público do Trabalho (MPT) entrou com ação civil pública contra o grupo Carrefour após investigar uma série de casos de assédio sexual em uma unidade da rede em Itabuna, no sul da Bahia.
A investigação identificou meses de condutas inadequadas principalmente envolvendo um gerente, que incluíam comentários sobre o corpo de funcionárias, propostas de favores sexuais em troca de vantagens, toques inapropriados, perseguição dentro da loja e assédio por meio de mensagens e áudios nas redes sociais. Alguns funcionários do sexo masculino também foram assediados, recebendo palavras de baixo calão e toques inapropriados.
O inquérito do MPT, conduzido pela unidade de Itabuna, documentou que a empresa não possuía protocolos eficazes para prevenir ou enfrentar assédio sexual. A varejista se limitou a demitir o assediador, sem adotar medidas de acolhimento às vítimas ou políticas de prevenção para evitar novos casos. Também foi constatado que não havia treinamentos adequados sobre assédio sexual nem canais seguros de denúncia, além de proibição de relacionamentos afetivos entre os empregados.
Segundo a procuradora Carolina Novais, responsável pelo ajuizamento da ação, “a varejista não adotou medidas para prevenir e combater o assédio sexual no ambiente de trabalho. A empresa foi notificada para assinar um Termo de Ajuste de Conduta (TAC), mas não demonstrou interesse em corrigir suas práticas ilegais. A diretoria, ciente das denúncias, buscou silenciar as vítimas e, após a demissão do assediador, passou a persegui-las e puni-las”.
A ação civil pública, que corre em segredo de justiça, pede que o Carrefour implemente um programa de prevenção e combate ao assédio sexual de amplitude nacional, abrangendo todas as suas unidades no país. Além disso, a ação solicita a condenação da empresa ao pagamento de indenização por danos morais coletivos no valor de R$ 20 milhões. O MPT reforça que o sigilo do processo busca proteger as vítimas e os depoentes, garantindo que não sofram retaliações.