De acordo com o relatório do Atlas Mundial da Obesidade, 68% da população brasileira apresenta excesso de peso, dos quais 31% têm obesidade e 37% sobrepeso. Além de doenças cardiovasculares, diabetes e problemas articulares, a obesidade também pode comprometer a fertilidade de homens e mulheres.
“O excesso de peso pode causar desequilíbrios hormonais que afetam a produção de espermatozoides e a ovulação, comprometendo a fertilidade de homens e de mulheres”, afirma a médica Valentina Cotrim, especialista em medicina reprodutiva da Huntington Cenafert.
Nas mulheres, o excesso de peso pode provocar ciclos menstruais irregulares e redução de ciclos ovulatórios. “Mulheres com obesidade ou sobrepeso devem buscar ajuda com médico e nutricionista para reduzir o peso antes de tentarem engravidar espontaneamente ou iniciarem um tratamento de Fertilização in Vitro (FIV)”, recomenda Valentina. “A perda de peso é importante não apenas para aumentar as chances de uma gravidez, mas também para a segurança da própria gestação”, acrescenta.
Nos homens, a obesidade pode reduzir a quantidade e a qualidade do sêmen e afetar a função sexual. Alterações hormonais associadas ao excesso de peso podem diminuir a produção de testosterona e causar disfunção erétil, o que prejudica a capacidade reprodutiva.
“A alimentação inflamatória (consumo de ultraprocessados, gorduras trans e carboidratos refinados), o sedentarismo e o tempo excessivo de tela são responsáveis por esse cenário no qual quase um a cada três brasileiros vive com obesidade”, ressalta Valentina.
Riscos da obesidade na gestação
Além de dificultar a concepção, a obesidade aumenta taxas de aborto e eleva riscos de complicações durante a gestação, comprometendo a saúde de mãe e bebê. “A condição de obesidade aumenta o risco de hipertensão arterial, partos prematuros, diabetes gestacional e pré-eclâmpsia, além de complicações durante o parto”, explica Valentina Cotrim.
Estilo de vida e medidas protetivas
Mudanças no estilo de vida e medidas preventivas podem favorecer a saúde reprodutiva e elevar as chances de gravidez natural. “Não fumar, dormir bem, manter-se no peso adequado, evitar consumo excessivo de bebida alcoólica, controlar o estresse e a ansiedade, praticar atividade física regular, ter uma alimentação saudável, e ter uma frequência de três relações sexuais por semana são recomendações que favorecem a condição de fertilidade dos dois sexos”, afirma a especialista.
Valentina também alerta para o uso de certos lubrificantes vaginais que podem prejudicar a mobilidade dos espermatozoides, dificultando a gravidez. O comportamento sexual seguro é outro ponto crucial: “As Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s) podem causar danos ao aparelho reprodutor da mulher e do homem e são algumas das causas mais comuns de infertilidade”, esclarece.
Por fim, a médica reforça a importância de acompanhamento: “Os exames e consultas de rotina com ginecologista e urologista também são essenciais para acompanhar a condição de saúde reprodutiva e reduzir o risco de problemas que, se não tratados precocemente, podem evoluir para a infertilidade”, finaliza Valentina Cotrim.
