O pastor evangélico Joel Webbon, de Austin (Texas, EUA), viralizou após afirmar, em episódio de podcast, que pais brancos precisam “ter ‘a conversa’” com os filhos sobre o suposto “perigo” de conviver com pessoas negras.
No programa do Right Response Ministries, Webbon disse: “Se você é um pai cristão, branco, que ama o Senhor e ama seus filhos, então você precisa ter ‘a conversa’.” Em seguida afirmou que é preciso dizer às crianças que “há certas partes da cidade que você não pode ir e há certas pessoas com quem você não pode estar” e que “Se forem estranhos negros, o perigo é 30 vezes maior. Esses são os fatos”.
A declaração se espalhou nas redes sociais e provocou críticas imediatas de usuários e veículos. Internautas lembraram que “Deus criou os negros assim como criou você” e mostraram indignação com a naturalização do preconceito. Outro comentário apontou: “É assim que o racismo é incutido nos filhos das pessoas.” Um terceiro ironizou: “Joel Webbon se preocupava em alertar as crianças sobre os negros quando o verdadeiro perigo são pastores como ele”.
Webbon citou no podcast uma publicação na rede X que alegava, sem fontes, que “uma pessoa branca tem 31 vezes mais probabilidade de ser vítima de uma pessoa negra do que o contrário”. Não há respaldo em estatísticas oficiais para essa afirmação; checagens e dados do governo mostram que números amplificados desse tipo circulam frequentemente e são enganadores.
Dados oficiais do FBI sobre homicídios de 2019 constam em tabelas públicas e não confirmam a afirmação simplista citada sem fonte. (Veja as tabelas do FBI sobre homicídios e o relatório de hate crimes de 2019 para comparação de registros e contexto.
Mesmo depois da repercussão negativa, o pastor manteve o tom nas redes. Em publicação na X afirmou: “Pais brancos precisam TER A CONVERSA com seus filhos. Sim, eu disse isso com toda a certeza. E mantenho cada palavra. Não me desculpo por nada.”
Onda de comentários racistas após crime de alto impacto
A fala de Webbon ocorreu em meio a uma onda de comentários raciais amplificada por um crime que ganhou ampla atenção: o assassinato da refugiada ucraniana Iryna Zarutska, 23 anos, em um trem na Carolina do Norte. O suspeito, Decarlos Brown Jr., homem negro com histórico de problemas mentais e ficha criminal, foi preso e indiciado. O caso alimentou debates sobre segurança pública, saúde mental e aproveitamento político de episódios isolados.