sexta-feira, 6 dezembro, 2024

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Perita transformou sentimento em mobilização contra violência doméstica

“O perito não pode se envolver com a vítima. Precisa ter um distanciamento”. Essa foi a frase ouvida pela iniciante Perita Médica Legista, Ana Maria Soares Rolim, quando começou a atuar no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IML), unidade da Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP), em 1995. Desde o início da carreira atuando na área de sexologia, realizando perícias em mulheres e crianças vítimas de abusos, ela lembra que a sensibilidade feminina falou mais alto do que a máxima então reinante, da profissão.

“Todos os casos me chocavam, mulheres e crianças vítimas de violência doméstica, e comecei a me questionar de que forma podemos apoiar essas vítimas, que já chegam muito vulnerabilizadas. O que esperar da instituição (DPT)?”, relembra Ana Rolim, que aos poucos começou a mudar essa relação perito/vítima, usando o sentimento de indignação para iniciar uma mobilização contra a violência doméstica.

O que a médica perita, hoje coordenadora médica do IML, fazia intuitivamente, aos poucos começou a se desenhar como a melhor forma de trabalhar com mulheres e crianças vítimas de violência intra familiar. “Com o Estatuto da Criança e do Adolescente [ECA] e da Lei Maria da Penha, isso mudou, e. atualmente. esses documentos balizam a atuação policial em casos dessa natureza”, explica Rolim.

Perita IML
Desde o início da carreira atuando na área de sexologia, Ana Rolim faz perícias em vítimas de abusos.
(Foto: Ascom/SSP)

Maria da Penha

Para ela, as vítimas desse tipo de violência passam por mais de uma agressão até decidirem fazer a denúncia. “Esse segredo quando é revelado, causa um tumulto em toda a família, porque, geralmente, o pai ou padrasto é o provedor da família. O mínimo que podemos fazer é apoiá-las, explicando que não é a única nessa situação, que existe uma rede de proteção criada, envolvendo várias instituições”.

Natural de Salvador, casada e mãe de dois filhos, Lara de 15 anos e Marcos Paulo, de 12, Ana Rolim é professora de Pediatria na Escola Baiana de Medicina e Saúde Pública, e de Medicina Legal na Unifacs. A escolha da carreira foi influenciada pelo pai, que foi major médico do Corpo de Bombeiros. “Passei simultaneamente em dois concursos, do DPT e da PM, mas os cursos de formação começou a chocar horários, e como já havia estagiado lá, com o doutor Raul Barreto Filho, acabei optando pela perícia”.

Representante do DPT no comitê gestor da Ronda Maria da Penha, Ana Rolim leciona também na Academia da Polícia Civil (Acadepol), e em 2017 apresentou a tese de mestrado na Universidade Federal da Bahia (Ufba), “Violência Doméstica contra Crianças e Adolescentes”.

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