segunda-feira, 12 maio, 2025

EXPEDIENTE | CONTATO

Pesquisa aponta pouca frequência em parques verdes nas cidades

“Para mim, o principal atrativo é estar em contato com a natureza, o verde, esse pedaço de Mata Atlântica, um achado bem no meio da cidade, cada dia mais ameaçado”, resumiu o psicólogo José Marini, 59 anos, sobre o hábito quase diário de caminhar no Parque da Cidade, no Itaigara.

O caso dele destoa da pesquisa divulgada recentemente pelo Instituto Semeia, na qual 57% dos 815 entrevistados declararam nunca ter ido (16%) ou ir uma vez a cada seis meses (41%) a parques verdes nas grandes cidades, em seis regiões brasileiras.

A entidade ouviu pessoas de 16 a 70 anos, homens e mulheres com diferentes níveis de escolaridade, nas regiões metropolitanas de Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Brasília e Manaus. Na capital baiana, 128 pessoas responderem ao questionário.

Por outro lado, 15% da população afirmou ir aos parques de forma intensa, pelo menos uma vez por semana. Outros 28% relataram frequência média de visitação, uma vez por mês.

Frequência

Ao longo da semana passada, A TARDE percorreu os parques São Bartolomeu (subúrbio), da Cidade (Itaigara), de Pituaçu (orla) e do Abaeté (Itapuã). Mais centralizado de todos, o da Cidade apresentou maior movimento de famílias, praticantes de atividades físicas e estudantes.

Moradora da Federação, a enfermeira Talita Magalhães, 29 anos, não tinha o hábito semanal de ir ao local até o nascimento do filho, hoje com 1 ano. “Não é tão próximo de casa, mas oferece estrutura mais atrativa, como áreas para estacionar e para piquenique”, avaliou.

Titular da Secretaria Cidade Sustentável, André Fraga avalia que ir a parques não é um hábito soteropolitano, que conta com a opção da praia. “Para manter o parque atrativo, a gente dotou de infraestrutura adequada, como pistas de skate e caminhada, além de um anfiteatro para diversos eventos”, destacou.

Barreiras que afastam a população

Segundo a pesquisa, entre as barreiras que limitam a visitação aos parques urbanos predominam a distância de casa (36%), falta de segurança (22%), opção por ficar em casa (19%), incompatibilidade com a rotina (14%), custeio com transporte, comida e estacionamento (12%) e instalações ruins (12%).

Diretor-executivo do Instituto Semeia, Fernando Pieroni ressalta que, no que tange à gestão dos parques, 87% dos entrevistados considera que o poder público não é eficiente, enquanto 73% declararam que parcerias governamentais com a iniciativa privada poderiam melhorar o atendimento.

“Percebe-se grande expectativa sobre a melhora estrutural, mas há a percepção de que uma parceria público-privada (PPP) podeira resultar em melhor conservação ambiental”, avalia. “Por outro lado, há uma preocupação sobre a cobrança de entrada, caso tal modelo seja adotado”.

 Gestão terceirizada 

Segundo o secretário André Fraga, o Município já está estudando um modelo viável de gestão terceirizada, em parceria com o instituto. Fraga garante que, caso seja possível implantar esse tipo de administração, não será cobrada entrada.

“Tudo está em fase de estudo, de levantamento para ver se o setor privado se interessa em algo como exposição de marcas e oferta de serviços”, diz o secretário.

Arquivos