Praia do Forte, um dos mais importantes destinos turísticos da Bahia, está sofrendo um ataque desferido pela falta de planejamento da prefeitura de Mata de São João e pela especulação imobiliária. Sem ter um plano diretor urbano para dar racionalidade às suas ações, a prefeitura pretende, ao que parece, implantar um centro comercial e de serviços, acoplado a grandes condomínios, na entrada de Praia do Forte. Tudo começou quando a prefeitura permitiu a construção de um supermercado e um posto de gasolina na entrada da vila. De repente, sem qualquer planejamento, vários equipamentos do poder público foram construídos no entorno do supermercado, inicialmente um complexo policial e depois um centro de convenções. Mas a prefeitura ampliou essa intervenção e agora construiu uma escola de ensino fundamental no entorno do supermercado e está construindo uma UPA – Unidade de Pronto Atendimento e uma policlínica no mesmo local. O impacto ambiental e urbano será enorme e a escola e as unidades de saúde ficarão a quilômetros de todas as localidades da região – Açu da Torre, Malhadas, Campinas e outras –, mas bem perto do supermercado. Para que a população dessas localidades e da própria vila de Praia do Forte possam ter acesso à escola e ao posto de saúde terão de utilizar serviços de transporte que logo aparecerão. E para viabilizar esse esdrúxulo projeto que coloca serviços de saúde e de educação longe da população e na beira de uma rodovia, será necessária uma intervenção de porte na malha viária. E o problema assume maior proporção quando se verifica que obra foi feita com base num acordo entre a prefeitura e uma empresa espanhola, aparecendo como contrapartida da construtora no processo que resultou na liberação da construção de um imenso empreendimento chamado La Laguna, que já começou a desmatar a região. A entrada da vila de Praia do Forte terá tanto movimento que serão necessárias a duplicação da pista e a construção de uma rotatória na altura da entrada do condomínio La Laguna. O impacto ambiental já é visível, e fica a pergunta: por que construir escolas e postos de saúde fora da área urbana? É nítido o desvirtuamento do projeto idealizado por Klaus Peter, cujo base era a proteção ao meio ambiente. E o mais grave é que neste momento outros empreendimentos imobiliários e intervenções viárias estão sendo liberados sem que a prefeitura, os órgãos estaduais e federais avaliem o real impacto na região. Praia do Forte precisa urgentemente de um Plano Diretor Urbano que possa ordenar a ocupação urbana, controlar a especulação imobiliária, preservar suas matas, suas praias e seu patrimônio para assim continuar sendo o mais charmoso destino turístico da Bahia.
Praia do Forte, um dos mais importantes destinos turísticos da Bahia.
Publicado originalmente em A TARDE Qui , 24/09/2020
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