IV Exposição Agropecuária e festa de aniversário da cidade não vão acontecer em 2024; na cidade, não chove há 11 meses, diz prefeito
A falta de chuvas na Bahia, que já fez 160 municípios decretarem estado de emergência, já está afetando os eventos festivos e culturais que costumam acontecer no interior do estado. Em Belo Campo (a 582 km de Salvador), o prefeito Quinho (PSD), que também é presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB), já determinou o cancelamento da IV Exposição Agropecuária e festa de aniversário da cidade. Os eventos estavam previstos para acontecer entre os dias 21 e 25 de fevereiro de 2024. O prejuízo estimado é de cerca de R$ 20 milhões.
“Belo Campo é uma cidade de vocação agropecuária. Embora a população seja maior na área urbana, tudo reflete na questão rural. A cidade é grande produtora de mandioca. Com a estiagem, vivemos momentos difíceis na agropecuária com perda de animais de grandes e pequenos portes também. Os produtores passam o ano todo preparando os animais para a exposição e, com essa seca prolongada, quase 11 meses sem chuva, tivemos que cancelar o evento”, explicou Quinho.
Em 2024, a expectativa é que a exposição tivesse uma movimentação financeira estimada em cerca de R$ 20 milhões. Além de movimentar a economia, o evento tem o potencial de fortalecer a agropecuária e estimular o desenvolvimento da região, através de cursos de capacitação, feiras agroecológicas, leilões de gados e caprinos e exposições de máquinas. No ano passado, cerca de 70 prefeitos participaram do evento.
“O cancelamento da exposição é também para que nós possamos exercer a função de coordenador desse processo de dificuldade que a população está passando. As ações devem ser voltadas para o homem do campo e os produtores rurais”, afirmou o presidente da UPB.
Mitigar
Em nota divulgada pela prefeitura de Belo Campo, a gestão municipal afirma que os recursos da cidade devem ser destinados para mitigar os efeitos da seca na cidade. “A prefeitura tem se dedicado na construção das políticas de convivência com o clima e suas adversidades. Além de apoiar o setor agropecuário do município, com ações que visam a fixação do homem no campo, com dignidade, evitando o êxodo para os centros urbanos”, disse.
A gestão municipal também afirmou estar em busca de recursos federais e estaduais para ações de distribuição de água potável para consumo humano, cestas básicas, distribuição de água e ração para alimentação animal.
Como presidente da UPB, Quinho esteve em Brasília, em reunião com o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, para apresentar um ofício com as principais necessidades emergenciais apontadas pelos gestores baianos.
“Vamos avaliar como a gente pode ser ágil porque há uma burocracia a ser cumprida, um regramento. Essa é a realidade, mas se não discutir primeiro ela, a gente não avança. Vamos pegar o que já existiu de resposta no passado e revisitar. Verificar qual medida a gente pode mexer nos instrumentos legais para dar mais agilidade”, ressaltou o ministro Waldez Góes, na ocasião.
Depois, Quinho também se reuniu com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, o diretor presidente da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), Marcelo Moreira, e o secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), Osmar Ribeiro. Nesta sexta (15), o governador Jerônimo Rodrigues (PT) anunciou R$ 834,5 milhões em ações para apoiar a população dos municípios afetados pela seca.