“As cotas raciais são uma reparação histórica para a população negra. Não retrocederemos mais, nós entramos nas universidades e vamos permanecer nelas. Nossa luta é pela ampliação das cotas e por mais políticas de permanência. Esse país tem uma dívida histórica com o povo negro”. A fala é do vereador e vice-líder da oposição na Câmara de Salvador, Luiz Carlos Suíca (PT), sobre o projeto da deputada federal baiana Dayane Pimentel (PSL). Para o edil petista, não se trata de conflitos sociais e sim de reparação social. Segundo Suíca, o projeto da aliada do presidente Bolsonaro é mais uma proposta que não dialoga com a realidade do país.
“É como se essas pessoas brancas vivessem na Suíça. Esquecem da história de seu próprio país. Aqui a maioria da população é negra. Tiveram seus direitos negados por muito anos. Temos de ampliar o acesso a universidades para aqueles que foram historicamente excluídos. Queremos as cotas e queremos o Prouni e o Fies reforçados também. Ter privilégios é fácil, quero saber se essa deputada já sofreu racismo, o que ela entende por isso? Eu mesmo respondo: nada”. A lei de cotas está em vigor desde 29 de agosto de 2012, quando foi sancionada pela então presidente Dilma Rousseff (PT). Essa lei assegura que metade das vagas deve ser assegurada para estudantes onde família tenha renda igual ou inferior a um e meio salário mínimo por pessoa.
As cotas raciais são proporcionais à população de pretos, pardos e indígenas de cada unidade da federação. Suíca ainda critica o fato da deputada baiana utilizar trecho da Constituição Federal para justificar seu projeto. “Utilizam da Constituição para querer fazer valer uma peça preconceituosa. A Carta Magna diz que é preciso o bem de todos independente da raça, cor, origem, sexo ou idade. Mas não é o que vemos atualmente no Brasil. O que vemos é a perpetuação da superioridade branca. Esse projeto é um exemplo disso. Aqui o povo negro vai lutar para não ter de enfrentar racismo até em um atendimento a banco. Atitudes reforçadas pelo presidente que ela ajudou a eleger e que vai derrubar o país”.
Nota emitida pela deputada federal baiana Dayane Pimentel (PSL) em resposta ao vereador Suíca (PT)
“O vereador petista lança mão dos mesmos argumentos vazios de sempre. As cotas raciais são um instrumento de segregação inadmissível. Isso não quer dizer que devamos esquecer os horrores da escravidão, onde quer que ela tenha ocorrido. Os judeus, por exemplo, foram escravizados, passaram por inúmeras perseguições, sofreram com o terrível holocausto nazista – aliás, o líder do vereador Suíca que hoje cumpre pena em Curitiba-PR disse, em uma famosa entrevista, que nutria admiração por Adolf Hitler – mas não ouvimos falar em cotas para judeus.
Defendo as cotas sociais baseadas nas condições socioeconômicas dos estudantes. Eu, por exemplo, sempre estudei em escolas públicas, graduei-me em uma universidade pública e, mesmo sendo filha de negro, não utilizei cotas raciais. Mas é fato que a pobreza atinge pessoas de distintas etnias: por que um negro pode concorrer por cotas, ainda que seja rico e tenha estudado em escolas particules, e um branco pobre não pode? Não se corrige injustiça com nova injustiça.
Eu também entendo que as cotas sociais devem ser mantidas enquanto remédio para o péssimo ensino público prestado a quem não tem condições para pagar as mensalidades dos melhores colégios ou não tem a sorte de estudar nos poucos centros de ensino público de excelência, como os colégios militares. O vereador deveria lembrar que, se depender dos governos petistas na Bahia, jamais poderemos deixar de ter cotas sociais: com Jaques Wagner e Rui Costa, a Bahia passou a ter o pior ensino de nível médio do Brasil.
Mas que argumentos podemos esperar de quem incluiu em seu nome de parlamentar a alcunha de um ladrão condenado e não tem como defender o vergonhoso ensino público baiano, destroçado nesses 13 anos de governo do PT?”
Deputada federal Professora Dayane Pimentel
Presidente estadual do PSL