Dois pugilistas. Dois nordestinos. Dois rivais no boxe. Um baiano, ex-estivador do Porto de Salvador. O outro, pernambucano, ex-jardineiro. Pobres, chegam ao auge da carreira no Brasil na década de 1990, tornam-se rivais no ringue, ganham dinheiro, fama, mas acabam voltando à realidade do lugar de onde despontaram para o estrelato: a extrema pobreza vivida nas periferias das capitais de seus respectivos estados.
Este é o mote do documentário ‘A Luta do Século’, protagonizado pelos boxeadores Reginaldo Holyfield, baiano, e Luciano “Todo Duro”, pernambucano. O filme, de 78 minutos, do diretor Sergio Machado, entra no circuito comercial do País no próximo dia 15, já premiado pelo júri oficial do Festival do Rio 2016 como Melhor Documentário.
Pré-estreia
Produzido com recursos do governo baiano, que financiou R$ 547 mil, por meio de edital do Fundo de Cultura da Bahia (FCBA), o longa tem pré-estreia na próxima segunda-feira (12), no circuito UCI Orient do Shopping da Bahia. Às 10h30, será apresentado a jornalistas e formadores de opinião. Às 21h, duas sessões estão previstas. Uma delas para convidados, e a outra sessão destinada à aferição de público por meio da venda de ingressos. O trailer oficial do documentário já pode ser conferido no Youtube.
‘A Luta do Século’ narra a trajetória dos pugilistas Reginaldo Holyfield e Luciano Todo Duro, que encontraram no boxe uma maneira de escapar da miséria. Tornam-se dois dos maiores ídolos do esporte nordestino. A rivalidade entre eles colocou em pé de guerra a Bahia e Pernambuco nos anos 90. Durante mais de 20 anos, os dois se odiaram tanto que não podiam dividir o mesmo espaço sem se agredir.
O enfrentamento ocorreu seis vezes, com três vitórias para cada lado. Durante as filmagens, os rivais, já com mais de 50 anos, resolveram se enfrentar pela última vez. A produção de ‘A Luta do Século’ é da Lata Filmes, Mar Filmes, Mar Grande Produções, Muiraquitã Filmes e Ondina Filmes. A coprodução é do Canal Brasil e a distribuição realizada pela Vitrine Filmes.
Fundo de Cultura
Além do apoio financeiro do governo baiano para o financiamento da produção, por meio da seleção em 2012 do Edital Setorial de Audiovisual, o documentário também recebeu patrocínio da RioFilme e da Secretaria de Cultura de São Paulo. Criado em 2005, com o objetivo de incentivar e estimular as produções artístico-culturais baianas, o Fundo de Cultura da Bahia é gerido pelas secretarias de Cultura (Secult) e da Fazenda (Sefaz).
Na avaliação do superintendente de Promoção Cultural da Secult, Alexandre Simões, o Fundo de Cultura tem sido um instrumento fundamental para incentivar e fomentar as produções artístico-culturais da Bahia. “Apesar da crise econômica do país e da limitação dos recursos públicos, a Bahia tem sido pioneira na busca por alternativas para promover as atividades artístico-culturais em nosso estado, principalmente para os projetos que encontram pouca receptividade da iniciativa privada. O Fundo de Cultura é um deles”, diz Simões.
O fundo custeia, total ou parcialmente, projetos da área cultural priorizando iniciativas que, apesar de relevantes do ponto de vista cultural, ofereçam baixo apelo mercadológico, inviabilizando a captação de recursos na iniciativa privada. São quatro linhas de apoio que compõem o fundo, atualmente modelo de referência para outros estados da Federação.
Sergio Machado
O diretor de ‘A Luta do Século’, Sérgio Machado, já é um antigo conhecido dos amantes do cinema brasileiro. Com diversos prêmios conquistados ao longo da carreira, sagrou-se com o primeiro longa de ficção que dirigiu, ‘Cidade Baixa’, ambientado na capital baiana. Esse filme lhe rendeu 30 prêmios, entre eles o da Juventude no Festival de Cannes e melhor filme nos festivais do Rio e Huelva, na Espanha.
Foi ainda assistente de direção de ‘Central do Brasil’ e roteirista de ‘Abril Despedaçado’, de Walter Salles. Dirigiu o documentário ‘Onde a Terra Acaba’, vencedor de 16 prêmios, inclusive o de melhor filme, nos Festivais de Biarritz, Rio e Mostra de SP. ‘Tudo Que Aprendemos Juntos’, o mais novo filme, foi eleito o melhor longa da 39ª Mostra de São Paulo e vendido para mais de 20 países.