O dançarino e coreógrafo Carlinhos de Jesus revelou enfrentar a polirradiculoneuropatia desmielinizante inflamatória crônica (CIDP), uma doença autoimune rara que afeta os nervos periféricos e pode causar fraqueza muscular, perda de reflexos e, em casos mais graves, dependência temporária de cadeira de rodas. Apesar dos desafios, o tratamento adequado costuma garantir bons resultados.
“Com diagnóstico precoce e tratamento adequado, a maioria dos pacientes consegue estabilizar os sintomas e preservar a qualidade de vida”, explicou o neurologista Eduardo Cardoso, especialista da Clínica IBIS, em Salvador.
A CIDP tem evolução lenta, diferindo de neuropatias agudas como a síndrome de Guillain-Barré. Sem tratamento, pode causar limitações motoras permanentes. O diagnóstico depende de avaliação clínica minuciosa, exames laboratoriais e testes complementares, como eletroneuromiografia e, em alguns casos, análise do líquor.
Avanços no tratamento
O tratamento reúne diferentes abordagens terapêuticas, com destaque para a imunoglobulina endovenosa (IVIG), os corticosteroides e a plasmaférese. Entre eles, a IVIG é considerada o método mais eficaz.
O procedimento consiste na infusão de anticorpos derivados do plasma humano, que ajudam a modular o sistema imunológico e reduzir o ataque à mielina, estrutura que reveste os nervos. “O efeito pode ser rápido, com melhora significativa da força e da sensibilidade, mas, na maioria dos casos, é preciso manter aplicações periódicas para garantir o controle da doença”, explicou Dr. Eduardo.
Além da medicação, o tratamento inclui fisioterapia e hidroterapia, fundamentais para preservar a mobilidade, evitar deformidades e manter a autonomia funcional. “Um acompanhamento multidisciplinar, envolvendo neurologia, fisioterapia, psicologia e nutrição, potencializa os resultados e favorece a autonomia do paciente”, acrescentou o especialista.
O que é a CIDP
A a polirradiculoneuropatia desmielinizante inflamatória crônica é uma condição de origem autoimune, em que o sistema de defesa do corpo ataca o próprio sistema nervoso. Segundo a Sociedade Brasileira de Neurologia, é uma das principais causas tratáveis de neuropatia periférica crônica. Apesar de rara, o diagnóstico vem se tornando mais frequente graças à ampliação de exames especializados e à maior divulgação de sintomas entre profissionais de saúde.