A adulteração de bebidas alcoólicas com metanol virou crise sanitária nacional e exige atenção imediata: os sintomas podem incluir náuseas, dor abdominal, alterações visuais e confusão mental, como alerta o infectologista Dr. Evaldo Stanislau, professor na Universidade São Judas / Inspirali, unidade que atua na gestão de 15 escolas médicas no Brasil.
“Se você ingeriu bebida suspeita e apresentou sintomas, procure atendimento médico imediato. Importante informar ao médico que consumiu álcool para um diagnóstico ligeiro e preciso. Quanto mais rápido o tratamento, maiores as chances de evitar ou, ao menos, restringir, danos graves”, diz o médico.
Segundo o especialista, a intoxicação por metanol pode causar consequências muito sérias e mesmo quantidades mínimas já são capazes de provocar dano severo. Por isso a detecção precoce é essencial.
Ao apresentar sintomas após consumo de bebida alcoólica de procedência duvidosa, além de procurar com urgência um serviço de saúde, é necessário informar o consumo de álcool e, se possível, também levar a embalagem. Antecipar informações facilita o diagnóstico clínico e o início do tratamento.
O metanol é um álcool tóxico diferente do etanol (álcool de consumo). Quando ingerido, é metabolizado em compostos que lesionam o sistema nervoso central e a visão — daí a importância de antídotos específicos e, quando indicado, de diálise para remover o tóxico do sangue.
Há quatro possibilidade de terapia, como explica o infectologista: “Primeiro é neutralizar o metanol circulante e todos os seus metabólitos. Para isso, precisamos de antídotos e eles podem não estar disponíveis amplamente. A segunda ação é a remoção por meio de diálise, que é um processo de filtragem do sangue. A terceira é corrigir a acidose induzida pelo metanol, que é o grande fator desencadeador da toxidade. E a quarta medida, evidentemente, são as medidas de suporte, que muitas vezes são intensivas. Porém, repito, quanto antes se desconfiar e quanto antes atuar, melhor”.
Já para a área médica, que está na linha de frente de prontos-socorros e recebe alguém com esse tipo de sintoma, Stanislau sugere desconfiar imediatamente da intoxicação e notificar as autoridades. “O Ministério da Saúde já está atuando em diversas frentes para combater essa crise. Torcemos para que tudo esteja devidamente controlado o quanto antes”, finaliza.