A Prefeitura de Salvador participou do Workshop de Planejamento de Ações Climáticas da C40 América Latina, realizado de 16 a 18 de setembro em Quito, no Equador. O encontro reuniu representantes de diversas cidades da região para discutir estratégias de implementação dos Planos de Ação Climática (PAC), com foco na integração entre mitigação e adaptação.
A capital baiana foi representada pelo secretário de Sustentabilidade, Resiliência e Bem-Estar e Proteção Animal (Secis), Ivan Euler, e pelo diretor de Resiliência da pasta, José Miguel Carneiro Pacheco. A equipe apresentou duas experiências: “Da formulação das metas de adaptação à sua implementação em ações concretas” e “Metas e objetivos de adaptação: Metas Qualitativas vs. Metas Quantitativas”.
Metodologia aplicada
Durante a apresentação, foi destacado o uso da metodologia CCRA (Climate Change Risk Assessment) para estruturar o diagnóstico de riscos climáticos enfrentados por Salvador, como inundações, deslizamentos, ondas de calor, secas, doenças tropicais e elevação do nível do mar. Com base nesse diagnóstico, o município estabeleceu metas setoriais claras, priorizando a redução da vulnerabilidade e a promoção da justiça climática.
O processo resultou no exercício das “Cartas de Ação”, ferramenta que traduz metas em ações vinculadas a eixos estratégicos. Cada carta detalha responsáveis institucionais, horizontes temporais (2024, 2032 e 2049) e indicadores de monitoramento, unindo mitigação e adaptação.
“A lógica foi sair do diagnóstico direto para a prática. Cada risco identificado no CCRA virou uma frente de adaptação no nosso plano. Traduzimos riscos em metas, metas em ações, e essas ações foram padronizadas nas Cartas de Ação, o que facilita muito a governança, o acompanhamento e a execução”, explicou o secretário Ivan Euler.
Metas qualitativas e quantitativas
As ações de adaptação englobam medidas estruturais, como obras de drenagem e contenção de encostas, e soluções baseadas na natureza. Também incluem planos de contingência, sistemas de alerta precoce, campanhas educativas e participação comunitária.
Outro diferencial é o uso de indicadores mistos. “Nem todas as metas de adaptação podem começar com números. Muitas delas, especialmente as que envolvem dimensões sociais, precisam de espaço para amadurecer qualitativamente antes de se tornarem quantitativas. Essa é uma forma mais honesta e realista de planejar, sobretudo nas cidades do Sul Global”, afirmou José Miguel Carneiro Pacheco.
A experiência de Salvador foi bem recebida pelos participantes, que destacaram o modelo como exemplo replicável de operacionalização das metas climáticas com engajamento intersetorial.
Além das apresentações, o evento promoveu debates sobre orçamento climático, financiamento, mobilização política e comunicação para engajar a sociedade. Também marcou o lançamento do Plano de Ação Climática da cidade de Quito.