sábado, 27 julho, 2024

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Sorveteria Capelinha alcança a marca de 3 milhões de picolés vendidos

O picolé mais famoso de Salvador é produzido há 45 anos por Antônio Mota dos Santos

Há  45 anos, Antônio Mota dos Santos, hoje com 81 anos, tomou uma decisão que mudaria definitivamente a sua vida e a maneira como muitos soteropolitanos aliviam a sensação de calor. Com o tino para negócios,  Seo Antônio resolveu fazer picolés e sair pelas ruas vendendo a guloseima.

Os picolés não demoraram para ganhar a clientela e se tornarem os Picolés Capelinha, marca conhecida pela originalidade e qualidade dos produtos.

No começo, só haviam três sabores: amendoim, coco e milho verde. E foi justamente o sabor de milho verde o responsável pela notoriedade.

“Quando saía para vender, o mais pedido era ele, porque era diferente do comum. As pessoas perguntavam de onde era o picolé.  E eu respondia que era feito na Capelinha de São Caetano. O povo quem colocou o nome Capelinha e aí ficou. Foi assim que ficamos conhecidos”, complementa Seo Antônio.

Uma curiosidade: logo no início das vendas, durante os dois primeiros anos de atividade, a fabricação era feita no bairro do Alto do Peru e os picolés eram conhecidos pelo nome de ‘Santo Antônio’. Após a mudança para o atual bairro e o sucesso dos picolés, Seo Antônio mudou o nome da empresa e registrou a marca Picolés Capelinha.

A residência do octogenário fica a menos de trinta passos de sua fábrica, localizada na Rua Antônio Vieira,104. Hoje, a Sorveteria Capelinha conta com 18 sabores que vão dos tradicionalíssimos côco, amendoim, morango e milho verde aos exóticos cajarana, jaca e morango com pimenta, este, feito somente por encomenda.

Picolés são fabricados sem aditivo químico

Desde o começo, Seo Antônio prima por produtos com ingredientes de qualidade. Os picolés são feitos com a fruta selecionada da safra e não levam aditivos químicos.

” Os nossos picolés não levam conservantes, emulsificantes, essências e nem gordura vegetal como os outros, e, aí está o nosso diferencial.  Os picolés de fruta são batidos com água e açúcar. O doce de leite é feito com a pasta de doce de leite, o de amendoim a mesma coisa. O único que leva leite de vaca é o de abacate, feito com leite em pó. Os outros sabores são feitos com leite in natura extraído do côco ralado. A gente tem uma clientela muito boa de pessoas que são intolerantes a lactose”, afirma Rosilene Andrade, 42, filha de Antônio e gerente da sorveteria.

A partir de 2012, o Capelinha passou a ser embalado por uma exigência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. A embalagem, além de proteger o produto da contaminação, ajuda na durabilidade e faz com que os clientes reconheçam com facilidade o sabor do picolé.

3 milhões de picolés vendidos

Seo Antônio mantem a tradição de registrar as vendas em uma cartela de papel e jamais parou para contabilizar quantos picolés já foram comercializados.  Porém, de acordo com Antônio Roberto, 50, filho dele e também gerente da sorveteria, estima-se que o Capelinha tenha alcançado a marca de 3 milhões de picolés vendidos.

“A gente vende muito picolé, não só para consumo próprio, mas para diversos tipos de clientes.  Trabalho há tempos com meu pai e tenho certeza de que a gente conseguiu vender até os dias de hoje, 3 milhões de picolés”, afirma o gerente.

As vendas variam de acordo com a estação do ano, mas, partir de setembro, a saída dos picolés aumenta por causa da alta temperatura.  No resto do ano, a sorveteria trabalha com picolés personalizados para eventos de empresas, aniversários, casamentos, feiras e congressos.

O Capelinha está presente em 15 praias entre Salvador e Litoral Norte e geralmente é revendido entre R$ 2, 50 e R$ 3,00.  Na Praia do Forte, o picolé é revendido por R$ 5,00. O produto pode ser encontrado em algumas cidades do interior da Bahia, Aracaju e Minas Gerais. O Capelinha também está pelo mundo.  Soteropolitanos que moram fora do país quando estão de visita pela cidade, sempre vão à fábrica para levar o picolé para casa.

” A pessoa vem porque fica com saudade. Eles geralmente trazem os amigos estrangeiros que acabam degustando o nosso produto e levando-o. A gente recebe pessoas da Alemanha, Argentina, Espanha, França e Itália “, complementa Antônio Roberto.

Picolé de jiló

Seo Antônio é um contador nato de estórias. Ele conseguiu a façanha de produzir um picolé de jiló.

“Eu estava na feira e um cidadão falou que os jilós dele estavam tão bons que davam até para fazer um picolé. Eu os comprei e fiz alguns. Eu cheguei a levar para ele e dei algumas pessoas para experimentá-lo, inclusive para uma mulher que estava grávida. Na hora que ela viu o picolé, pensou até que era de kiwi. Ela experimentou e aí eu falei que era de jiló. O filho dela tem 13 anos e até hoje ela não esquece disto”, diz Seo Antônio que fez a brincadeira com as pessoas.  “Eu gosto muito de jiló, mas as pessoas que experimentaram este picolé, acharam estranho”,  complementou.

E você, teria coragem de experimentar um picolé de jiló? A Sorveteria Capelinha funciona todos os dias da semana, das 8 até às 15h30.

A origem do picolé 

Foi um garoto de 11 anos quem inventou, por acaso, este tipo de sorvete. Frank Epperson (1894-1983), um norte americano da cidade de São Francisco, no estado da Califórnia, esqueceu um copo de suco com uma colher casa onde morava, em uma noite fria.

Ao notar que havia esquecido o suco, o jovem correu para buscá-lo e, percebeu que o suco congelado era uma espécie de gelo com sabor de fruta. Frank não demorou para mostrar aos amigos a sua descoberta, que foi apreciada pelos companheiros. Somente após 18 anos, o garoto apresentou a mesma receita em uma festa.  O sorvete acabou ganhando o paladar das pessoas e só aí Epperson passou a comercializá-lo.

O rapaz patenteou o produto e em 1925, os direitos foram vendidos a uma companhia localizada na cidade de Nova York. Ao patentear a invenção, Epperson deu o nome de “eppsicle”, que depois acabou mudando para “pop’s sicle” que significa gelinho do papai. Hoje, nos Estados e Unidos e Canadá este tipo de sorvete é conhecido como Popsicle.

Além de ser um saboroso tipo de sorvete, o picolé auxilia a amenizar o calor. No entanto, a vontade de saboreá-lo não pode ser maior que o cuidado para evitar uma contaminação, ainda mais se o picolé não for feito com água filtrada.

Picolés sem embalagem estão mais propensos a estarem contaminados. ” A embalagem é uma proteção. Picolés comercializados sem a embalagem estão mais vulneráveis à contaminação do ambiente ou do local onde estão armazenados, como o isopor”, orienta a nutricionista Priscila Souza Capistano.

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