sábado, 27 julho, 2024

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Trabalho: 67% dos soteropolitanos têm plano B

Por: Gilson Jorge

Alexandre, Marcos e Helana: espaço coletivo para novos projetos
É cada vez mais comum ver pessoas levando guloseimas para vender no trabalho, certo? Isso pode ser apenas uma complementação de renda, mas uma pesquisa feita nacionalmente indica que 67% dos trabalhadores soteropolitanos têm um plano B para a carreira, e a venda de alimentos é uma das principais escolhas para quem vai mudar de área.

E essa alternativa à jornada de trabalho de oito horas inclui outras possibilidades, como dar aulas particulares, dirigir para Uber ou abrir um negócio. Mas, para que esse plano B dê certo, é preciso planejar cada passo, alertam os especialistas em carreiras.

“Acreditamos que hoje é mais fácil começar uma atividade paralela devido à conectividade dos dias atuais, que permite vender sem loja física”

André Torquetto, diretor da Alelo

A pesquisa foi feita em todo o país pela Alelo, uma empresa que presta serviços a outras empresas, como vale-refeição e pagamentos eletrônicos de despesas de automóveis corporativos.

A vontade de começar um negócio próprio é uma das coisas que a psicóloga Alana Melo tem em comum com o namorado Marcus Boaventura, professor de português e francês. Ela está se preparando para deixar o trabalho e montar uma sala para atendimento em junho deste ano. Ele já saiu da escola em que ensinava e vai dar aulas particulares de francês no mesmo endereço. O tatuador Alexandre Melo, irmão de Alana, vai se juntar à dupla e ocupar o mezanino do imóvel, no Shopping Rio Vermelho.

Para os dois primeiros, as razões da mudança são diferentes. Alana, que trabalha atualmente no treinamento de jovens aprendizes, sente necessidade de explorar os seus conhecimentos em psicoterapia e theta healing, uma técnica de cura emocional criada pela norte-americana Vianna Stibal, que supostamente se curou de um câncer em 1995 sem tratamento médico. “Nunca pensei em trabalhar em uma clínica. E agora quero pôr em prática outros cursos que fiz”, declara Alana.

“Temos o caso de um ex-funcionário que se mudou para o Canadá, não sem antes planejar por dois anos. Isso diminui os riscos de não dar certo”

Paulo Moraes, diretor da Talenses

Marcus, por sua vez, pretende equalizar a relação trabalho versus remuneração. Sem estar vinculado a uma escola, ele calcula que precisará de 10 alunos em horários individuais para receber o mesmo que, na última escola, ganhava ao ensinar 120 alunos divididos em quatro turmas. “Há poucas escolas de francês, então acredito que vai haver demanda”, analisa Marcus.

Estudante de radiologia, Carolina Araújo começou a fazer alfajores há pouco mais de um ano, quando ficou desempregada. A aceitação foi boa e agora Carol circula todos os dias na hora do almoço por restaurantes populares na região da Avenida Tancredo Neves, vendendo seus doces como sobremesa. “Sonho em abrir uma delicatessen”, diz Carol, que deixou o curso há cerca de um mês.

Perfil nacional

O diretor de produtos e marketing da Alelo, André Torquetto, afirma que, analisando a pesquisa nacionalmente, chama a atenção o fato de que boa parte dos brasileiros (69%) têm um plano B em caso de desemprego. Desses, 4% já exercem uma atividade de renda extra, como vender bolos e doces (12%), fazer bicos de serviço para casas (15%), dar aulas particulares (17%), ser motorista em aplicativos como o Uber, 99Pop e Cabify (este último não está disponível em Salvador, 7%), fazer serviços de costura (6%) e vender marmitas (5%).

“Inclusive acreditamos que hoje é mais fácil começar uma atividade paralela devido à conectividade dos dias atuais, que permite que as pessoas vendam seus serviços e produtos sem a necessidade de uma loja física ou mesmo um contato direto com os clientes”, diz Torquetto, para quem as redes sociais atuam a favor desse aumento, além do espírito empreendedor do brasileiro.

“Já 11% possuem outra fonte de renda além do salário (aluguel, rendimento, pensão) e 19% afirmam ter uma reserva de dinheiro para o caso de desemprego; 23% revelam que trabalhariam como autônomos ou freelancers em caso de demissão”, completa.

O diretor da Talenses Executive Search, empresa de captação de talentos, Paulo Moraes, afirma que quando se quer mudar de área, é gostar do que quer fazer e planejar a mudança: “Temos o caso de um ex-funcionário que se mudou para o Canadá, não sem antes planejar por dois anos. Isso diminui muito os riscos de a mudança não dar certo”.

Como construir alternativas

Planejamento – Calcule os passos que precisa dar para a migração de área. É importante pensar no quanto se vai investir na mudança e quais são os riscos

Estudo – Entenda o que seria exatamente essa alternativa e quais  as habilidades requeridas para a tarefa. Você tem perfil empreendedor? Se quer dar aulas, tem mesmo perfil para isso? O autoconhecimento é fundamental para que haja chances de sucesso na futura empreitada

Caminhada – Comece a construir o seu plano na prática. Se a vontade é ir para outro país, por exemplo, é preciso que, além de se qualificar na nova atividade, o interessado providencie toda a parte de documentação exigida. A depender dos tratados internacionais que o país de destino assinou, o prazo pode ser maior ou menor

 

Empreender – Ter o próprio negócio é um sonho comum, mas o postulante deve levar em conta se a compensação financeira vale o sacrifício da qualidade de vida quando se tem que trabalhar por mais tempo do que uma jornada regular

Dentro da empresa – É possível que a melhor alternativa seja uma mudança de área dentro da empresa, onde o trabalhador já é conhecido e pode obter um voto de confiança para ir a um novo setor

Fonte: Pedro Moraes/ a tarde

 

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