quarta-feira, 6 agosto, 2025

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Verão está no fim com Othon e Pestana lacrados

O Verão está no fim e dois dos principais hotéis da Bahia, que já foram portas de entradas para permanência de turistas nacionais e internacionais, continuam lacrados. O Hotel Pestana, no Rio Vermelho, fechou as portas, em 29 de fevereiro de 2016. Meses depois, no dia 18 de novembro de 2018, foi a vez do Bahia Othon Palace Hotel anunciar o fechamento da sua unidade no bairro de Ondina. Agora, são dois ‘elefantes brancos’ emoldurando a mais bela orla de Salvador.

Visitando as duas edificações hoteleiras, na manhã deste domingo 10, constatamos que o Othon mantém tudo fechado. Grossas correntes e cadeados estão por trás dos vidros blindados das portas e a ampla recepção – hall – está toda coberta, de fora a fora, por um plástico (lona) de cor preta. Em contato com os administradores do Pestana recebemos, por e-mail, do Diretor de Operações para Brasil e Argentina, a seguinte informação: “Nesse momento estamos em fase de definições a respeito do hotel e com muito prazer anunciaremos em breve com maiores detalhes”, Gustavo Jarussi.

Através de pessoas próximas ao hotel , a reportagem da Tribuna a Bahia soube que obras internas estão sendo realizadas em ritmo progressivo. Que elas teriam se iniciado antes do Carnaval, mas sem maiores esclarecimentos de detalhes. Quando o Hotel Pestana suspendeu suas atividades, a direção do empreendimento justificou a medida dizendo que teria sido, “após a queda na ocupação dos leitos, ocasionada pela crise econômica e pelo fechamento do Centro de Convenções da Bahia”. Na época, o hotel chegou a anunciar que passaria por uma reforma, sem detalhar projeto e o prazo de conclusão das obras.

Reforma anunciada

Fontes do trade turístico, que preferem não se identificar, dizem que a intenção do grupo não era de fechar o hotel. Sim, de reformá-lo e adequá-lo à nova realidade do mercado. Uma alternativa para o caso está ancorada no Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo, que pode beneficiar tanto o Pestana quanto outros hotéis nesta situação de má gestão administrativa. A solução a ser apresentada será a redução do Imposto Sobre Serviços (ISS) para obras de reforma dos equipamentos.

O fechamento do Othon, em Salvador, ocorreu quase três anos após o fechamento do Pestana. Além da perda de mais um hotel, a capital baiana ficou sem um centro de convenções de alta qualidade e capacidade para receber até três mil pessoas em eventos. Na nota enviada à imprensa, dando conta do encerramento das atividades, a Rede Othon disse “que estava completando 75 anos de existência e que as unidades localizadas no Rio de Janeiro, Macaé, São Paulo, Fortaleza, Natal, Recife, São Carlos, Araraquara e Matão permaneceriam em funcionamento”.

O fato é que, somente nos últimos cinco anos, 23 hotéis fecharam as portas em Salvador e apenas dois foram abertos, respectivamente Fera Palace e Fasano. Ambos, de qualidade indiscutível, localizados no Centro Histórico da cidade, na Rua Chile e na Praça Castro Alves. 

Pestana

Construído sobre rochas, praticamente pendurado no mar do Rio Vermelho, o Hotel Pestana Bahia foi inaugurado como Le Méridien, em 1974. Até a década de 90 foi considerado o melhor, mais luxuoso tradicional hotel da Bahia.  Em 15 de maio de 2000 – O Le Méridien fechou devido a uma dívida de R$ 1,2 bilhão da empresa administradora Sisal Bahia Hotéis Turismo com o Banco do Brasil (BB), proprietária do imóvel. Ano seguinte, em 15 de novembro de 2001 – O grupo Pestana, que comprou o prédio do BB por R$ 17 milhões e gastou mais R$ 20 milhões para reformá-lo -, reinaugurou o estabelecimento com o nome de Carlton Bahia. Em pouco tempo, o Carlton passou a se chamar Pestana. Recentemente, em 2015, devido à crise no setor hoteleiro, o maior hotel demitiu pelo menos 130 funcionários. Dos 23 andares do prédio, 12 ficaram desativados. Antes de fechar – no ano passado -, o hotel mantinha 310 apartamentos em funcionamento.

Othon

O Othon na Bahia é um desdobramento da primeira rede de hotéis brasileira, fundada em 1943, por Othon Lynch Bezerra de Mello, a partir da unidade do Rio de Janeiro. Foi graças ao caçula do fundador, Álvaro Bezerra de Mello, que a filial baiana surgiu, no boom, entre 1974 e 1976,  e virou um marco nacional em 1975, precisamente em 26 de fevereiro, pela imponência à beira-mar. Era então um colosso e motivo de orgulho para a rede, que só tinha unidades no Rio e em São Paulo. Seus arquitetos Luís Accioly e Paulo Casé conseguiram fazer com que todas as janelas das 280 acomodações abrissem para o mar. A engenhosidade montou a disposição dos quartos em uma espécie de Y invertido, com a linha única apontando para o oceano. A última reforma foi a chamada modernização de 2013, por ocasião da comemoração de 70 anos da rede e prevendo um grande movimento para a Copa no ano seguinte. Antes de fechar as portas aqui, e em Belo Horizonte, o balanço patrimonial da rede Othon apontou um passivo de R$527 milhões, sobretudo em dívidas de tributos. A unidade de Belo Horizonte, com 170 funcionários, também desceu as bandeiras dos mastros no mesmo domingo, 18 de novembro de 2018.

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