Em discurso durante uma celebração militar na noite deste sábado, 15, em Santa Maria (RS), o presidente Jair Bolsonaro disse que “mais do que o Parlamento, precisamos do povo ao nosso lado para que possamos impor política que reflita em paz e alegria a todos nós”. Ele também defendeu armar a população para evitar golpes de Estados. No discurso, Bolsonaro não citou nenhuma proposta do governo específica, mas nesta semana três pautas do Planalto ficaram ameaçadas após derrotas na Câmara, no Senado e no STF: decreto de armas, extinção de órgãos colegiados e reforma da Previdência. Ao se referir à Festa Nacional da Artilharia, evento que prestigiou em Santa Maria, Bolsonaro voltou a defender apoio a decreto que flexibiliza o porte de armas de fogo – a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou nesta semana projetos que anularam o texto assinado pelo presidente em maio. “Além das Forças Armadas, defendo o armamento individual para o povo”, afirmou o presidente, sob aplausos da plateia. Para Bolsonaro, essa medida seria importante “para que tentações não passem pela cabeça de governantes ao assumir o poder de forma absoluta”, disse. Bolsonaro, no entanto, não explicou a associação entre o porte ou posse de armas por civis e uma eventual resistência a governos autoritários, mas concluiu dizendo que “confiamos no povo e nas Forças Armadas para que esse mal cada vez mais se afaste de nós”. Foi a primeira visita de Bolsonaro como presidente da República ao Rio Grande do Sul. Ao longo da semana, apoiadores do presidente se organizaram para promover uma recepção festiva ao chefe do poder Executivo. Vestidos de verde e amarelo, apoiadores do presidente ficaram em dois pontos onde Bolsonaro poderia ser visto: a base aérea, onde pousou o avião presidencial, e em frente ao Regimento Mallet, quartel do exército que sediou a Festa Nacional da Artilharia. Bolsonaro fez questão de cumprimentar os apoiadores. Na base aérea, ficou com a metade do corpo para fora do carro para cumprimentar apoiadores e recebeu um ‘pixuleco’ – boneco inflável representando o ex-presidente Lula com uniforme de presidiário – o presidente deu tapas no boneco e o jogou para trás. Durante a cerimônia militar, Bolsonaro também foi aplaudido em vários momentos e foi possível ouvir gritos esparsos de “mito” quando ele desfilou à frente de soldados e alunos do colégio militar. Coube também ao presidente, que é capitão reformado do Exército, dar a ordem de fogo em dois veículos blindados com canhões – um deles, acionado pelo vice-presidente da República, general Hamilton Mourão. Aliás, tiros não faltaram durante a noite, cujo ruído provocaram sustos e risadas no público que não está acostumado com este tipo de demonstração militar. Os canhões foram acionados inclusive durante a execução de uma composição de Tchaikovski, cujas notas mais conhecidas foram mescladas a salvas de tiro.