Um pleito antigo dos servidores do Estado está mais próximo de tornar realidade. Ontem, em uma transmissão pela internet, o governador da Bahia, Rui Costa, anunciou construção do Hospital do Planserv em Salvador. De acordo com ele, a gestão vai contratar, por processo licitatório, empresa especializada para estudo de viabilização da unidade de saúde. E o favorito para ser sediar toda essa estrutura é o Hospital Espanhol, localizado no bairro da Barra, e que está sendo utilizado como unidade exclusiva de atendimento a pacientes com o novo coronavírus.
“É um pleito antigo dos servidores. Vamos fazer um hospital de referência, de alta qualidade e de alta performance para atender o servidor. Para isso, definimos como referência o Hospital Espanhol. O estudo vai determinar o perfil, quais serviços serão inclusos e todo o processo legal de conclusão da desapropriação”, detalhou o governador, que discutiu detalhes da iniciativa com representantes de sindicatos ligados à área da saúde e ao funcionalismo público.
Ainda conforme a administração estadual, serão estudadas as adaptações que serão necessárias para a acomodação dos pacientes na unidade, em função do aproveitamento da estrutura. O estudo técnico vai avaliar a infraestrutura necessária à implantação, em aspectos como recursos necessários, localização, adequação de equipamentos, serviços e especialidades a serem oferecidos, número de leitos e modelo de gestão, levando-se em consideração o perfil da carteira da Assistência, hoje com mais de 510 mil beneficiários. A conclusão será um plano de ação a ser avaliado pelo Governo da Bahia.
APRIMORAMENTO
Segundo a administração, o projeto do Hospital do Planserv está incluso “num contexto estratégico de políticas públicas direcionadas ao serviço médico-hospitalar, em consonância com as diretrizes de constante aperfeiçoamento e aprimoramento, direcionado aos servidores públicos estaduais, seus dependentes e agregados, beneficiários da Assistência”.
Com a implementação da unidade, a expectativa é a de que o Planserv não apenas amplie os serviços prestados aos beneficiários, como também otimize a qualidade da assistência oferecida à carteira. A meta, de acordo com o governo, é criar um modelo referencial de atendimento, com a prestação efetiva e aderente a protocolos e linhas de cuidado padronizadas, adotando custos mais eficientes e responsáveis.
“Por ser um plano solidário e sem fins lucrativos, em que a participação financeira dos servidores estaduais baseia-se na sua remuneração e não nas regras dos planos privados, estes com reajustes regulares fundamentados em índices de mercado, o Planserv necessita cada vez mais gerenciar com austeridade seus recursos orçamentários, visando a sustentabilidade do plano no longo prazo. A saúde, hoje em constante aumento de demanda e, ao mesmo tempo, aprimoramento de tecnologia, impõe evitar desperdícios e padronizar procedimentos, o que será possível com a criação de uma unidade própria”, explica o governo estadual.
Espera-se que, mesmo sendo instalado na capital baiana, o hospital seja um equipamento de saúde que abranja toda a Região Metropolitana de Salvador (RMS), não restringindo o acesso apenas aos beneficiários dessas localidades, mas a todos aqueles que necessitem dessa prestação de serviço hospitalar, no limite de sua capacidade operacional, em todo o estado.
OCUPAÇÃO
Em março, poucos dias após o anúncio do estado de calamidade pública em toda a Bahia, o governo baiano demonstrou o interesse em ocupar, ainda que de forma temporária, o Hospital Espanhol, para acolher os pacientes infectados com a covid-19. A unidade de saúde estava fechada, à época, há mais de cinco anos, devido a problemas administrativos e com dívidas junto a trabalhadores e fornecedores. O processo até hoje corre na Justiça baiana, ainda sem uma resolução.
No dia 17 daquele mesmo mês, o juiz federal Iran Esmeraldo Leite deferiu um pedido da Procuradoria Geral do Estado (PGE) de ocupação temporária do imóvel, para a utilização no tratamento de pacientes contaminados pela covid-19. No pedido, a Procuradoria solicitou a autorização para ingresso dos agentes públicos de saúde no imóvel, a fim de que fosse implantado, nas instalações, um hospital de campanha para atendimento especializado de saúde para os pacientes com o Covid-19.
No dia 30 de março, foi anunciado que o Instituto Nacional de Tecnologia e Saúde (INTS) era a organização social responsável pelo gerenciamento do Hospital Espanhol, escolhida após uma licitação realizada pelo Governo da Bahia. No local, foram disponibilizados 160 leitos para a Covid-19, sendo 80 de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e outros 80 de internamento.
FECHAMENTO
Fundado há 129 anos e situado em uma das valorizadas áreas de Salvador, o Hospital Espanhol fechou as portas em setembro de 2014, após enfrentar uma grave crise financeira iniciada três anos antes. À época, a unidade era gerida pela Real Sociedade Espanhola de Beneficência, entidade sem fins lucrativos ligada à comunidade de descendentes de espanhóis da capital baiana.
Além disso, possuía uma dívida de R$ 200 milhões com bancos, fornecedores, médicos e funcionários. Com fechamento da estrutura, foram embora também os cerca de 300 leitos existentes. Em média, eram feitos 120 atendimentos de emergência, 40 cirurgias e 600 exames diagnósticos por dia no local. Ainda em 2014, para evitar a chamada especulação imobiliária, o governador Jaques Wagner chegou a decretar o imóvel como sendo de utilidade pública.