“Não posso te explicar, porque você não vai entender”. Esta frase serviria para descrever a atmosfera do Estádio Lusail na vitória da Argentina por 3×0 sobre a Croácia, na terça-feira (13). No entanto, ela faz parte da música mais cantada no Mundial. Uma melodia que impregna na mente e uma percussão que contagia.
Com significado profundo, a letra enaltece os soldados que morreram na Guerra das Malvinas, dá uma leve alfinetada no Brasil e faz os argentinos bradarem a todo pulmão o que Maradona e Messi são para eles. “Nasci na Argentina / Terra de Diego e Lionel / E dos garotos das Malvinas / Que jamais esquecerei”.
Com bandeiras enroladas no corpo, rosto pintado de azul e branco e algum adereço das mesmas cores na cabeça, os torcedores cantam a uma só voz da entrada no estádio até o apito final, expressando um sentimento que nem sempre é de alegria. “Não posso te explicar / Porque você não vai entender / As finais que perdemos / Quantos anos as chorei”.
Há 36 anos estão carentes de um título mundial. Esta é a sexta final da Argentina em Copas. Em 1930, na primeira edição, perdeu para o Uruguai; em seguida, os dois títulos, em 1978 contra a Holanda e em 1986, liderada por Maradona, diante da Alemanha Ocidental; mesma Alemanha que levou as outras duas finais nas quais os argentinos estiveram, em 90 e 2014.
Claro que não poderiam perder a oportunidade de zoar o principal rival: nós, brasileiros. Apegam-se à conquista da Copa América 2021, em pleno Maracanã, vitória por 1×0. Aquela decisão pode não ter tido um significado grande para o Brasil, mas é tratada como um divisor de águas, uma reanimação na torcida, um sopro de esperança. E segue a letra: “Mas isso se terminou / Porque no Maracanã / A final com os ‘brasucas’ / Papai voltou a ganhar”.
É com a esperança renascida das cinzas que a Argentina chega muito forte à final, empurrada por milhares de torcedores, herdando os simpatizantes asiáticos da Seleção Brasileira já eliminada e com o maior ídolo vivo, Messi, no auge, próximo do fim da carreira e desejando, tanto quanto os outros 45 milhões de argentinos: “Quero ganhar a terceira / Quero ser campeão mundial”.
Com a bênção do deus deles: “E a Diego, que lá do céu podemos ver / Com Don Diego e com La Tota (pais de Maradona)”. Para o outro deus, também deles: “Torcendo por Lionel”.
A ver domingo, contra França ou Marrocos, que fazem a outra semifinal nesta quarta-feira (14).