quinta-feira, 28 março, 2024

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Após denúncia de assédio contra presidente, Caixa cancela entrevista coletiva

A Caixa não informou o motivo dos cancelamentos

A Caixa Econômica Federal informou que o pronunciamento e a coletiva de imprensa com o presidente do banco, Pedro Guimarães, previstos para a manhã de quarta-feira, 29, foram cancelados.

O banco promoverá um evento em Brasília, na Caixa Cultural, para tratar da estratégia da CEF para o Plano Safra 22/23. Além de fazer um pronunciamento, Guimarães responderia a perguntas de jornalistas.

A Caixa não informou o motivo dos cancelamentos. O portal Metrópoles publicou nesta terça-feira que o executivo é investigado pelo Ministério Público Federal por suposto crime de assédio sexual. O Estadão/Broadcast confirmou a existência da investigação.

Entenda o caso
Um grupo de funcionárias da Caixa Econômica Federal denunciou o presidente do banco, Pedro Duarte Guimarães, de 51 anos, por assédio sexual. Por conta dos casos, há uma investigação correndo sob sigilo no Ministério Público Federal. De acordo com os relatos de cinco mulheres, divulgados nesta terça-feira (28) pelo Metrópoles, os assédios aconteceram durante compromissos profissionais, principalmente, durante viagens realizadas por Pedro Guimarães pelo país para acompanhar o programa Caixa Mais Brasil.

As funcionárias, que trabalham diretamente com o gabinete da presidência da Caixa, contaram que as abordagens começaram no fim do ano passado e incluem toques íntimos, investidas inadequadas e convites incompatíveis com a relação entre o presidente e as funcionárias.

“É comum ele pegar na cintura, pegar no pescoço. Já aconteceu comigo e com várias colegas”, disse uma funcionária que não teve o nome revelado. “Ele trata as mulheres que estão perto como se fossem dele. Ele já tentou várias vezes avançar o sinal comigo. É uma pessoa que não sabe escutar não”, disse a funcionária do banco, acrescentando que as mulheres que recusam as abordagens passam a ser ignoradas por Pedro Guimarães.

Ainda de acordo com os relatos, as mulheres que chamam a atenção de Pedro, durante as viagens pelo país, são chamadas de ‘discos voadores’. Algumas delas são convidadas a trabalhar em Brasília, ou são promovidas, mesmo se preencher os requisitos para as vagas.

Uma das funcionárias contou que é o gabinete do presidente que fica responsável por escolher as mais bonitas para compor as comitivas que vão acompanhá-lo nas viagens. “Ele convida para as viagens as mulheres que acha interessantes”, afirmou outra vítima ao Metrópoles.

Além de levar um beliscão, mais uma funcionária afirmou em seu relato que precisou recusar convites com segundas intenções, como ir até uma piscina e sauna em seu horário de folga.  “Ele me chamou para ir para sauna com ele. Perguntou: ‘Você gosta de sauna?’. Eu disse: ‘Presidente, eu não gosto’. Se eu tivesse respondido que gosto, ele daria prosseguimento à conversa. De que forma eu falo não? Então, eu tenho que falar que não gosto. É humilhante. Ele constrange”, disse.

Em outra viagem, uma das mulheres escutou de uma pessoa próxima a Pedro: “E se o presidente quiser transar com você?”. Segundo a reportagem divulgada pelo Metrópoles, era comum ele fazer pedidos de urgência em horários noturnos para que as mulheres fossem até seu quarto.

“Ele falou assim: ‘Vai lá, toma um banho e vem aqui depois para a gente conversar sobre sua carreira’. Não entendi. Na porta do quarto dele. Ele do lado de dentro (do quarto) e eu um metro para fora. Falei assim: ‘Depois a gente conversa, presidente’. Achei aquilo um absurdo. Não ia entrar no quarto dele. Fui para meu quarto e entrei em pânico”.

O Ministério da Economia e a Caixa ainda não se pronunciaram. Pedro Guimarães também não comentou a investigação.

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