sexta-feira, 14 março, 2025

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Ataques de Bolsonaro à Folha geram campanha virtual em defesa do jornal

A série de ataques que o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) vem fazendo contra a Folha teve como um de seus efeitos colaterais uma campanha virtual incentivando a assinatura do jornal. Nesta segunda-feira (29), em sua primeira entrevista ao Jornal Nacional como presidente eleito, o capitão reformado voltou a atacar a Folha: “Por si só, esse jornal se acabou”. William Bonner, apresentador e editor-chefe do noticiário, o havia questionado sobre como ele, que “sempre se declara um defensor da liberdade de imprensa”, em “determinados momentos chegou a desejar que um jornal deixasse de existir”. Bolsonaro se disse “totalmente favorável à liberdade de imprensa”, com um adendo: “Temos a questão da propaganda oficial de governo, que é outra coisa”. Ele vem ameaçando cortar verbas publicitárias que o governo federal destina a veículos da imprensa que fazem reportagens que lhe desagradam, sobretudo a Folha e a Rede Globo. Bonner em seguida defendeu o jornal.

“Não quero que [a Folha] acabe. Mas, no que depender de mim, imprensa que se comportar dessa maneira indigna não terá recursos do governo federal”.

Presidente eleito Jair Bolsonaro, em entrevista ao Jornal Nacional, confundindo recurso público com orientação privada.

 

O servidor público estadual Delmir de Andrade, 32, está entre os que resolveram assinar a publicação: “Hoje de manhã, logo que acordei, refiz minha assinatura da Folha de S.Paulo. Seu papel em defesa da liberdade de expressão e dos valores democráticos nessas eleições foi digno de respeito e consideração. Não existe jornalismo de qualidade de graça. É preciso valorizar o trabalho realizado”. Ele contou que havia deixado de pagar pela publicação “há um ou dois anos” por discordar da “linha editorial” que, na sua concepção, os cadernos Poder e Mercado vinham tomando. “Estava com muita opinião e diminuindo o jornalismo analítico, investigativo e plural, que sempre foram as principais marcas do jornal”. Mudou de ideia. “Nas eleições de 2018, a Folha defendeu abertamente valores democráticos e republicanos, sem tomar partido ou lado nas disputas eleitorais. Resolvi, assim, refazer minha assinatura”.

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