quinta-feira, 28 março, 2024

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Especialistas apontam os erros de candidatos à Presidência

Fernando Haddad, Marina Silva, Bolsonaro e os demais candidatos cometeram erros, mas ainda podem contorná-los, segundo analistas.

Ninguém se salva, ao menos por ora. Todos os candidatos a presidente da República vêm cometendo erros que reduzem as chances de passar para o segundo turno ou, no mínimo, reduzem a vantagem de quem está nas melhores posições, apontam. Alguns desses problemas são estruturais — até mesmo intrínsecos à própria personalidade de cada um. Outros, não menos difíceis, têm origem em decisões tomadas no início da campanha. Há ainda os que podem ser resolvidos. Afinal, restam 18 dias para o pleito. “É muito tempo na política, ainda mais em uma campanha eleitoral de 45 dias”, assinala o cientista político Ricardo Ismael, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Para o especialista, é preciso que os candidatos deem mais atenção ao que as pessoas que vão às urnas em 7 de outubro desejam de fato. “O que o eleitor busca não é um salvador da pátria, mas alguém que não piore as coisas.”

Mesmo Jair Bolsonaro (PSL), o candidato mais bem posicionado nas pesquisas, tem com o que se preocupar, de acordo com as análises. “Ele é uma onda, não está ancorado em programa”, aponta Antônio Augusto de Queiroz, diretor de documentação do Departamento Intersindical de Acompanhamento Parlamentar (Diap). “Conquista as pessoas por coincidência de diagnóstico, apontando os problemas. Depois arruma um culpado para aquilo, não uma solução”, avalia. Segundo Queiroz, esse tipo de comunicação tem sido eficiente, mas tende a perder força no segundo turno, ou mesmo ser desconstruída. Para o cientista político Carlos Melo, do Insper, o candidato do PSL ainda está na preferência da parcela que é esperada para o eleitorado de direita, que, ele nota, vem crescendo em todo o mundo. “Bolsonaro conversa com parcela da população. Não surpreende que um quarto do Brasil pense assim”.

Ricardo Ismael, da PUC-RJ, afirma que o capitão reformado terá de adaptar o seu discurso a fim de ganhar mais adeptos em um eventual segundo turno. “Ele apoia o uso mais amplo de armas de fogo pela população. Talvez isso seja necessário para chegar aos 20 pontos, mas é preciso falar para o eleitor de centro, mais moderado”, destaca. Na opinião de todos os especialistas, o deputado precisa atenuar o que diz para se aproximar dos moderados. Na opinião de todos os especialistas, o deputado precisa atenuar o que diz para se aproximar dos moderados.

Fernando Haddad tem desafio semelhante, o que, no seu caso, significa ir mais para a direita. Melo acha que o desafio não é trivial diante da atual situação do PT.

Geraldo Alckmin (PSDB), como Ciro, enfrenta uma série de dificuldades para chegar ao segundo turno da eleição. Se faltam propostas concretas no caso de Bolsonaro, no caso do tucano há excesso, nota Ismael. Sem notar isso, os programas de tevê ficam repetitivos e pouco atraentes. E o pior é que teve um custo alto, já que é o resultado de o PSDB ter trazido para a aliança partidos com ônus moral. “Alckmin trocou o centro pelo Centrão”, critica Melo. Na avaliação dele, poderia ter sido mais proveitoso ficar apenas com o PPS e buscar Marina para a chapa. “Além dos erros próprios, ele carrega os do partido, que participou do governo de Michel Temer”, nota.

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